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sábado, 25 de outubro de 2008

A governação da Ordem de Cristo

A morte do Infante D.Henrique em 1460, trouxe a necessidade da sua substituição no governo da Ordem de Cristo que fora criada pela Bula Ad ea ex-quibus do Papa João XXII, acedendo aos pedidos do rei D. Diniz , para suceder à extinta Ordem do Templo e que recebeu o nome de Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Infante era seu grão-senhor desde 1454 por efeitos da bula de Nicolau V, e a herança do governo desta ordem foi concedida pelo papa Pio II, pela bula Dum Tua ao rei D.Afonso V, mas que viria em Julho a emitir nova bula de nomeação em favor de D.Fernando, duque de Viseu, irmão do Rei, por desistência de D.Afonso V à liderança da Ordem de Cristo.

Diga-se que era a Ordem de Cristo que controlava o conhecimento das rotas e o acesso às tecnologias de navegação, pelo que o governo desta Ordem, era considerado o mais rentável e fonte de poder, não admirando que no caso de D.Fernando, se tivesse dado continuidade, também a essa linha, pois D.Fernando já era o herdeiro nomeado do poderoso Infante D.Henrique, seu tio.

D.Fernando também neste ano de 1461, havia trasladado para o convento da Batalha o corpo de seu tio que tinha sido primeiramente depositado na igreja de Lagos.

Sobre o túmulo vê-se a sua estátua de pedra, que em relevo o representa ao natural, vestido de armas brancas. e coroado de coroa real entretecida de folhas de carvalho, e uma rosa no meio; tem nela três escudos: o primeiro com as armas do reino de Portugal e as suas, e nos outros dois as insígnias das duas ordens que professara, de Cristo e da Jarreteira

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O achamento de Cabo Verde

Foi em 1460 que Diogo Gomes e António da Nola, ao voltarem duma viagem de exploração à costa da Guiné, aportaram à ilha de Santiago.

Na continuação dessa viagem de regresso descobriram também as ilhas Maio, Fogo, Sal e Boavista.

Em 1461 e 1462 Diogo Afonso chegou às ilhas de Santo Antão, São Nicolau, São Vicente, Brava e Santa Luzia.

Estava descoberto o arquipélago de Cabo Verde, deserto, mas cedo povoado por colonos portugueses.

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O arquipélago de Cabo Verde é formado por dez ilhas e cinco ilhéus As ilhas de Barlavento: Santo Antão (779 km), São Vicente (227 km), Santa Luzia (35 km) , São Nicolau (343 km), Sal (216 km) e Boavista (620 km), e os ilhéus Branco (3 km) e Raso (7 km). As ilhas de Sotavento: Maio (269 km), Santiago (991 km), Fogo (476 km) e Brava (64 km), e os ilhéus Grande (2 km), Luís Carneiro (0,22 km) e Cima (1,15 km).

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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Morte do Infante D.Henrique

No regresso da África, D.Afonso V, intitula-se "Dom Afonso, por graça de Deus Rei de Portugal e do Algarve, Senhor de Ceuta e de Alcácer em África", reflectindo o seu enorme sonho de conquista em Marrocos.

Ao mesmo tempo começa a partir dessa altura a observar-se em crescendo, excessos da nobreza que só foram possíveis devido às omissões do poder central e aos abusos cometidos por parte da fidalguia que provocaram enormes conflitos entre os povos e os procuradores dos concelhos.

Deve também dizer-se que as consequências de Alfarrobeira, havia acentuado esta tendência, para a compensação aos adeptos da causa de sua mãe, não deixando contudo de vir mais tarde a perdoar aos seguidores de D.Pedro.

Irreflectidamente pródigo D.Afonso V, contrariava o espírito da revolução burguesa de 1383, ao aclamar rei seu avô, o Mestre de Avis, que foi marcada pela participação de linhagens de segunda ordem ao lado do Mestre de Avis

As preferência pessoais em relação à família Bragança, incluía outra linhagem, os Vasconcelos. Esta família,na pessoa de D. Afonso de Cascais, foi perseguida pelo regente D. Pedro devido à sua fidelidade à rainha D. Leonor, mãe do rei, durante o breve período em que esta ocupou o poder. Após este apoio, os Vasconcelos em sua maioria, foram obrigados a viver exilados.

A partir de 1450, a sua posição de destaque, com Afonso Vasconcelos de Cascais, futuro Conde de Penela, uma das mais importantes fortunas nobiliárquicas da segunda metade do século XV.

O fortalecimento das casas senhoriais em detrimento do poder da coroa, foi um dos aspectos mais marcantes deste reinado.

Para contribuir para a alteração da composição nobiliárquica, o ano de 1460 iria conhecer uma série de acontecimentos funestos, que iriam abalar a corte portuguesa. Ás mortes do marquês de Valença e do conde de Ourém, juntar-se-ia a do Infante D.Henrique em Sagres no dia 13 de Novembro e poucos dias depois o velho duque de Bragança, cabecilha na oposição ao regente D.Pedro, seu meio-irmão. Se por um lado, D.Afonso V, perdeu a cerceadora influência política política, também perderia os seus conselhos.

Eram estes dois últimos personagens os homens mais ricos e influentes em Portugal, nesta época. Quanto a D.Henrique passou o seu filho adoptivo D.Fernando (pai do futuro rei D.Manuel) a deter o maior senhorio de Portugal.

Mesmo sem levar em linha de conta que da sua havia abdicado pouco antes da sua morte das ilhas cabo verdianas de S.Luís, S.Dinis, S.Jorge, S.Tomás e Santa Joana ao rei D.Afonso e as de Santa Maria e de S.Miguel nos Açores à Ordem de Cristo.

sábado, 19 de julho de 2008

Ataques a Alcácer-Ceguer repelidos

A retaliação moura pela perca de Alcácer Ceguer não se fez esperar. Estava ainda D.Afonso V em Ceuta, quando foi avisado que o rei de Fez Abde Alaque, se preparava para retomar aquela praça
.
Relembre-se que este rei era ainda o mesmo, que tinha tomado como cativo o infante D.Fernando, para se perceber a carga emotiva que comportava, de tal forma que D.Afonso ainda em Ceuta, quis de imediato, acorrer ao reforço de Alcácer-Ceguer, não fosse o conselho militar lhe demonstrar a inconveniência de tal acto.

A forma medieval e poética que se encontrou na defesa da honra portuguesa, foi a de mandar desafiar o rei de Fez, à boa maneira medieval, para uma batalha campal, resposta que esse desafio não teve porque os emissários fora recebido a tiro e tiveram que retroceder.

A esqudra portuguesa aportou ao largo de Alcácer-Ceguer, mas de nada serviu, pois os mouros que sitiavam as muralhas não se amedrontaram, nem aos sitiados foi possível fazer chegar qualquer tipo de ajuda.

A esquadra teve que regressar a Portugal e o que é certo é que, a defesa militar da praça sob o comando de D.Duarte de Menezes, resistiu durante 53 dias e causando tantas perdas ao inimigo que acabaram estes por retirar.

As reparações nas muralhas e a construção duma couraça que permitirá, em ataques futuros uma ligação ao mar, viria a permitir que novo ataque desferido 6 meses depois em 2 de Julho de 1459, voltasse a não ter êxito favorável ao rei mouro, permitindo até que por essa mesma couraça, viessem a escapulir-se a esposa do governador e outras donzelas do seu séquito.

A comandante de Alcácer-Seguer haveria D.Afonso V em Abril de 1460, quando numa visita a Portugal de o premiar elevando-o a conde de Viana.



sábado, 5 de julho de 2008

A conquista de Alcácer Ceguer

A poderosa armada então reunida, composta por cerca de 280 naus, galés e outros navios, pelos cálculos de Damião de Góis, bem como cerca de 26.000 homens de combate, para além da tripulação e os serviçais.

A armada partiu de Lagos a 17 de Outubro de 1458, lançando ferro dois dias depois diante de Tânger, terra de dolorosas recordações para os portugueses, que ali haviam deixado como refém o infante D.Fernando que morrera em cativeiro.

A tentação de atacar essa praça foi forte na cabeça de D.Afonso V que chefiava a armada, no sentido de vingar a memória de seu tio, mas o conselho militar desaconselhou esse intento e a alteração de planos.

A aceitação dessa opinião do conselho fazia lei na épova superior à vontade do soberano. Muito embora nada o impedisse de a não respeitar, a tanto se não abalançou o rei, por corresponder ao assumir por seu único risco o ónus do eventual desastre, que não deixaria de ser criticado em cortes futuras.

Levantando ferro para dar cumprimento ao plano estabelecido, foi a armada fundear a 21 de Outubro defronte de Alcácer Ceguer.

As primeiras escaramuças foram naturalmente na praia, ao desembarque dos primeiros portugueses, mas com tal ímpeto se deu o ataque que aos mouros nada mais restou que se refugiarem dentro de muralhas.

Os combates demoraram 2 dias, até que o derrube das muralhas por bombardas, conseguira demonstrar que a sorte do ataque seria favorável aos portuguese, pelo que os sitiados temendo serem chacinados, propuseram a rendição na condição de permitirem a saída dos moradores com seus haveres.

Obtido o consentimento, com a condição de entregarem todos os reféns e todos os cativos cristãos que na vila houvesse. Saído o último habitante então se organizou uma procissão, com D.Afonso apeado para tomar posse da praça, até à mesquita que fez consagrar e dedicar a Santa Maria da Misericórdia.

Grandes festejos e distribuição de mercês se seguiram, tendo sido nomeado D.Duarte de Menezes capitão da praça conquistada. Após as respectivas reparações e reforço de guarnição, retira a esquadra com destino a Ceuta.

Era a primeira vez que o Africano, visitava Ceuta, ao chegar lá e ao comparar a grandeza e o esplendor desta cidade, com a pequenez e a pobreza de Álcacer Ceguer, cuja conquista tanto o satisfizera, não deixava agora de experimentar alguma decepção.


terça-feira, 3 de junho de 2008

Acontecimentos no ano de 1457

*-Os preparativos para a conquista de Alcácer Ceguer

O abandono da ideia de enviar cerca de 12000 homens ao Oriente para ressarcir o mundo cristão da perda de Constantinopla, por um lado face ao desinteresse manifestado por outras coroas europeia, teve algumas repercussões na corte portuguesa.

A discussão nos conselheiros do rei foi intensa, entre os defensores da continuação da tese da cruzada a Constantinopla, como o influente conde de Ourém já então marquês de Valença, e outros nobres como o infante D.Henrique que defendiam a tese da transferencia de recursos para o norte de África, centralizado primordialmente na defesa de Ceuta, constantemente atacada.

Decidiu-se então enviar ao Norte de África um exército de vinte e cinco mil homens, com o objectivo militar da conquista de Alcácer-Ceguer, no estreito de Gibraltar.

Desta vez, para que não acontecesse o mesmo que anos antes quando da conquista de Ceuta, guardou-se segredo deste intento, para apanhar os muçulmanos desprevenidos.

Constituiu-se a armada em três pontos diferentes do País, no Porto, em Lisboa e em Lagos, cada um dos pontos sob a direcção de 3 responsáveis, sendo D.Afonso V pessoalmente responsável pela constituição da armada de Lisboa. Porém e devido a uma peste ocorrida em Lisboa (habitual atendendo às péssimas condições de higiene, acabou por ser transferida para Setúbal.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Acontecimentos no ano de 1456

*-Diogo Gomes chega ás ilhas Bijagós

Diogo Gomes era moço da câmara do infante D. Henrique e foi também seu navegador. Para além de uma viagem à Madeira, terá participado, com Gil Eanes e Lançarote, na expedição militar à ilha de Tider.

Diogo Gomes navegou em 1456 até à embocadura do rio Grande, canal do Geba, capitaneando uma esquadra de três navios.

No regresso subiu o rio Gâmbia até Cantor, onde obteve as primeiras informações sobre as explorações mineiras no Senegal e Alto Níger, bem como acerca das rotas saharianas do ouro e do importante entreposto comercial que era Tombuctu..

Durante esta expedição, Diogo Gomes capitaneava uma esquadra de três navios. Possivelmente no regresso desta exploração tocou o arquipélago de Cabo Verde, cujo descobrimento reclama para si, na companhia do italiano António de Noli.

*-Bula papal de Calisto III sobre Ceuta

Bula papal concedendo a D.Afonso V o estabelecimento na cidade de Ceuta de 4 conventos, correspondendo a igual número de ordens militares existentes no reino.

O Papa nº 210 Calisto III, nascido Afonso de Bórgia, nomeado papa em Abril do ano anterior, fi o papa que reviu a sua condenação de Joana D’arc e reconheceu sua inocência em 1456, foi o fundador da "dinastia papal" da família.

*-A nova cruzada pregada por Calisto III

O papa Calisto III intentou organizar uma cruzada para reaver Constantinopla que havia caído às mãos dos turcos em 1453. Pretendeu Calisto III organizar uma armada internacional que desde logo obteve a concordância de D.Afonso V.

Calisto III envia em 15 e Fevereiro o legado pontíficio por acaso o português D.Álvaro Afonso bispo de Silves, para presidir à colecta da dízima para essa cruzada.

As ordens eram claras, induzir as 4 ordens militares existentes Cristo, Avis, Santiago e do Hospital a entrarem no combate aos turcos, sob pena de excomunhão e de perda dos ofícios.

A insistência papal levou a que D.Afonso V proferisse publicamente em 25 de Julho deste ano, um voto de tomar parte na cruzada contra os turcos, nomeando e enviando como embaixador à cúria romana João Fernandes Silveira, que viria a confirmar esse mesmo voto em Roma, a 8 e Setembro.

O empenho de D.Afonso V, não pareceu contudo ter igual repercussão noutros reinos Europeu como Aragão, Nápoles, França os ducados de Borgonha e de Sabóia, entre outros. Sem embargo do papa ter armado uma frota de 25 velas comanda pelo cardeal Scarampi e o português João Vasques Farinha como vice-almirante.

Provavelmente por força desse menor empenho europeu, pela iniciativa papal, ou por outra razão qualquer o certo e que o interesse do nosso rei arrefeceu um pouco, preferindo vir a utilizar os eventuais efectivos militares portugueses, no reforço da praça de Ceuta.

sábado, 3 de maio de 2008

Acontecimentos no ano de 1455

Através da Bula Romanus Pontifex,o papa Nicolau V em 8 de Janeiro de 1455, concede ao rei de Portugal, seus sucessores e ao infante D.Henrique, as terras descobertas ou a descobrir pelos Portugueses.

Que vai desde o cabo Bojador e do cabo Não, correndo por toda a Guiné, passando além dela e vai para a plaga meridional, declaramos pelo teor da presente que também tocou e pertenceu ao mesmo rei D.Afonso e a seus sucessores e ao infante, com exclusão de quaisquer outros e que perpetuamente lhe tocam e cabem por direito.

Este é o texto parcial da bula referida , que inicia o verdadeiro interesse papal pelas viagens além do Cabo Bojador, concedendo para além da própria expansão em si e do estímulo pela descoberta, os direitos de conquista e submissão de povos à servidão, tal como mais tarde Alexandre VI fará em 1493 com a bula Inter Coetera ,idêntica concessão à Espanha

Todavia, o rei português tem que garantir o governo espiritual das novas terras. Tem que enviar missionários e aí fundar igrejas, onde se possam ministrar os sacramentos.

Devem também ser aí criados mosteiros e outros locais de culto e oração. A bula vai mais longe ao dizer que o comércio nestes territórios ultramarinos é de exclusiva pertença dos portugueses e que quem neles exercer comércio sem licença, poderá vir a ser excomungado.


  • Março-Cortes de Lisboa
Nestas cortes em Lisboa, foi a última vez que se fez menção explícita à falta de população, a partir daí multiplicam-se os indícios de recuperação demográfica.
Foram també concedidos os pedidos com destino ao casamento de D.Joana irmã de D.Afonso V com Henrique IV de Castela.
Em Junho deste ano voltaram a reunir-se as cortes em Lisboa, com o fim de ser jurado o princípe herdeiro o futuro D.João II
  • Maio, 03-Nascimento em Lisboa do infante D.João, que viria a ser o rei D.João II.
Nasceu em Lisboa no Paço das Alcáçovas no Castelo de São Jorge no dia 3 de Maio de 1455. Era filho do rei D.Afonso V de Portugal e de sua prima Isabel de Urgel, princesa de Portugal e filha de D.Pedro e de D. Isabel, duques de Coimbra.

Pelo lado paterno é neto de D.Duarte e da princesa Leonor de Aragão.

As avós são ambas aragonesas e os avós e os pais portugueses É um rei ibérico também nos seus antepassados mais próximos, já que apenas a sua bisavó D.Filipa de Lencastre o não era.
  • Julho,20-Carta régia de ilibação de todos os que se colocaram ao lado do infante D.Pedro em Alfarrobeira.
  • Dezembro,02-Falecimento de D. Isabel de Aviz, rainha consorte de D. Afonso V .
Rainha de Portugal, filha do Infante-Regente D. Pedro, Duque de Coimbra e de sua mulher a princesa D. Isabel de Aragão, Condessa de Urgel, filha do rei Jaime II de Aragão. Casou em 6 de Maio de 1447 com o seu primo direito D. Afonso V.

Foi mãe de D. João II e de Santa Joana Princesa, ou princesa Santa Joana de Portugal.

Sua irmã mais nova e solteira, D. Filipa de Lancastre, infanta de Portugal, que vivia recolhida, embora sem professar, no Mosteiro de Odivelas, serviu então de mãe aos filhos da Rainha.

Antes de morrer, a rainha D. Isabel de Aviz vai obter do rei e marido o arrependimento pelo tratamento dado ao Infante das Sete Partidas, cuja desgraça causara espanto, escândalo e consternação na Europa de 1449; a reabilitação da memória de D. Pedro ficou manifesta nas grandes cerimónias, ordenadas por D. Afonso V, de trasladação processional do corpo do Infante assassinado da humilde igrejinha de Alverca, onde por caridade o haviam sepultado em segredo, sob os degraus de pedra da entrada, alguns pescadores do rio Tejo, para Sta. Maria da Vitória da Batalha, junto de seus pais e irmãos.






terça-feira, 15 de abril de 2008

Acontecimentos no ano de 1454


  • Gomes Eanes de Zurara guardador da Torre do Tombo
Cronista português, filho do cónego Joane Gomes de Zurara. Foi educado sob a protecção de Afonso V, tendo, posteriormente, substituído Fernão Lopes nos cargos de cronista oficial da corte e guarda-mor do arquivo da Torre do Tombo, em 1454. Foi, desde 1451, responsável pela livraria real.

São da sua autoria a Crónica da Tomada de Ceuta ou Terceira parte da Crónica de D. João I (1450, sendo as duas primeiras partes da autoria de Fernão Lopes), a Crónica dos Feitos da Guiné (1453), a Crónica de D. Pedro de Menezes (1463) e a Crónica de D. Duarte de Menezes (1468).

Zurara era filho ilegítimo de um cónego e pensa-se que a sua formação tenha sido feita, já tardiamente, na corte do rei D. Afonso V. Foi cavaleiro da ordem de Cristo e comendador de Alcains, da Granja do Ulmeiro e de Pinheiro Grande.

As suas crónicas diferem substancialmente das do seu antecessor, Fernão Lopes. Por um lado, as condições políticas haviam sofrido alterações.

O reinado de Afonso V marcou um certo regresso a uma mentalidade feudal. As crónicas de Zurara são, antes de mais, elogios de grandes senhores (por exemplo, do infante D. Henrique, ou de Duarte e Pedro de Menezes), e não tanto, como as de Fernão Lopes, frescos de uma época, retratos históricos das diversas partes — incluindo o povo — que nela intervieram.

Por outro lado, os seus métodos de investigação divergiam também dos de Fernão Lopes. Em vez do confronto de diferentes fontes escritas, Zurara recorria sobretudo ao testemunho oral dos protagonistas dos acontecimentos relatados.

De referir que, embora envolvido pelo espírito de cruzada que animava as conquistas africanas, Zurara manifesta sentimentos de piedade para com as vítimas dessas guerras, bem como para com os primeiros escravos negros vendidos em Portugal, em Lagos, episódio que relata na Crónica dos Feitos da Guiné.

Embora historicamente rigorosa, falta ao seu trabalho uma visão de conjunto. O seu estilo revela já traços da cultura clássica e erudita do Renascimento, por vezes sob a forma de um discurso excessivamente afectado.


Créditos :História da Literatura Portuguesa

  • Contratação de Cadamosto para o serviço do Infante

Este ano foi o da contratação pelo Infante D.Henrique do navegador veneziano Alvise de Cadamosto, para realizar algumas viagens ao serviço de Portugal
Ainda jovem chegou a Portugal com cerca de 20 anos, mas já com bastante experiência de navegação sendo certo que habitualmente em águas Mediterrâneas.

Foi o acaso de numa viagem com destino a Bruges, o navio onde seguia ter sido obrigado a acolher-se junto ao Cabo de S. Vicente, devido aos ventos contrários. Foi essa a oportunidade para o convite, para as viagens de exploração ao longo da costa de África, prometendo avultados lucros aos participantes. Foi esse intento que levou Cadamosto a abandonar a carreira do Norte da Europa, embarcando numa caravela armada pelo Infante na qual o veneziano foi como mercador.

Viria a realizar duas viagens ao serviço do Infante, após o que voltou para Veneza onde seguiu a carreira política como era costume entre os homens nobres da sua cidade.

Ao serviço da coroa portuguesa explorou a costa ocidental da África, sendo-lhe creditado o descobrimento de algumas das ilhas de Cabo Verde e a exploração da foz do rio Gâmbia e costa adjacente, incluindo o arquipélago dos Bijagós.

  • Nomeação do Infante D.Henrique para a Ordem de Cristo
A Ordem de Cristo era uma versão lusa da Ordem dos Templários que ao invés de se indispor com a monarquia como ocorreu com os templário franceses com Felipe o belo, foi por ela instrumentalizada e mobilizada para a conquista dos mares.

O que de concreto se sabe é que o Infante, como grão-senhor da poderosa Ordem de Cristo recebeu em 8 de janeiro de 1454, do papa Nicolau V, o monopólio da exploração comercial das actividades praticadas na costa africana até a Índia.

Isto tornou-o, objectivamente, um grande interessado em estimular o desbravamento dos mares. Daí denominar-se as primeiras décadas do século 15 como a era dos descobrimentos Henriquinos.

sábado, 5 de abril de 2008

Doação da ilha do Corvo ao infante D.Afonso duque de Bragança

  • Janeiro,20-Doação da ilha do Corvo ao infante D.Afonso duque de Bragança.
Em aparente contradição com o as disposições testamentárias de D.Henrique, a carta de doação de D. Afonso V ao Duque de Bragança, seu tio, encontra-se pela primeira vez a referência à ilha do Corvo. Face à importância desta grande figura da nobreza parece um pouco estranho que lhe tenha sido doado o Corvo e não a ilha das Flores, considerando o insignificante tamanho desta ilha, a distância a que se encontrava do reino e tendo em conta que na Terceira ainda haviam terras por povoar.

  • Maio,30-D.Pedro é reempossado como Mestre de Aviz
D. Pedro era filho do Infante D. Pedro, Duque de Coimbra e Regente de Portugal, e de Isabel de Urgel e Aragão, filha de Jaime II de Urgel, um dos pretendentes ao trono catalão e que havia refugiado em Castela, volta a Portugal, reconciliado com o rei, que o reempossa do Mestrado de Aviz, cargo que seu pai D.Pedro, enquanto regente o havia empossado em 1444, que acrescentou ao de Condestável que havia sido nomeado 1 ano antes

sábado, 29 de março de 2008

Diogo de Teive descobre as ilhas do Corvo e Flores(1452)

Diogo de Teive foi capitão de caravela e escudeiro do Casa do Infante D. Henrique, e em 1451 desembarcou na Terceira como ouvidor do Infante com a missão de realizar viagens exploratórias nos arredores do Atlântico, conhecido como Mar dos Açores.

No regresso de sua 2.ª viagem de exploração, em 1452, terá sido descoberta em simultâneo a Ilha das Flores e do Corvo, já que as ilhas se avistam mutuamente.


Não se deve atribuir a mera sorte essa descoberta, já que em mapas genoveses anteriores, são mencionadas a existência desta Insula Corvi Marini (Ilha dos Corvos Marinhos).

Apesar de ter sido esta a origem do nome, sua primeira designação foi a de Ilhas Floreiras, depois, Ilha de Santa Iria, mas foi também chamada de Ilhéu das Flores, ilha da Estátua, ilha do Farol, ilha de São Tomás e ainda de Ilha do Marco, nome que persistiu durante alguns séculos em razão do monte do Caldeirão servir como referência geográfica para os marinheiros.


Apesar da incerteza quanto à data do achamento português da ilha, é seguramente anterior a 20 de Janeiro de 1453, data em que o rei D. Afonso V de Portugal faz doação destas ilhas, a seu tio D. Afonso de Portugal, duque de Barcelos.


  • Fevereiro,06-Nascimento de Joana de Portugal (princesa - filha de D. Afonso V e D. Isabel)
Publiquei no blog de D.João II, uma entrada no ano de 1490 data da sua morte onde se pode ler algumas notas sobre a sua biografia, clicando aqui.

  • Autorização do infante D.Henrique para que Diogo de Teive montasse uma fábrica de açúcar na Madeira.
Alguns investigadores sugerem que esteve relacionado com o desaparecimento do nobre flamengo Jácome de Bruges, Capitão donatário da ilha. Diogo de Teive veio viver para a Ribeira Brava, após 1472. Diogo de Teive, e seu filho, João de Teive, detiveram direitos sobre as ilhas até 1474, ano em que D. Fernão Teles de Meneses, casado com D. Maria de Vilhena, comprou os direitos sobre as ilhas. Foi então concedido autorização para a construção do engenho a Diogo de Teive, apresentando já, provavelmente, a nova técnica de um moinho de dois eixos de madeira horizontais, criado especificamente para a cana-de-açúcar, que, segundo alguns autores, surge na Madeira, como inovação resultante do desenvolvimento técnico renascentista, no início da idade moderna.
  • Abril,08-Perdão geral a servidores de D.Pedro, que tinham combatido a seu lado em Alfarrobeira.
Este perdão foi concedido "à gente miúda de Coimbra, Montemor-o-Velho, Penela, Tentúgal, Vila Nova de Anços, Aveiro, Lousã e Miranda, habitantes das terras do ex-regente D.Pedro.

  • Infante D.Henrique manda erguer a Ermida de Santa Maria de Belém
Antecessora do Mosteiro dos Jerónimos . Entregou-a aos monges da Ordem de Cristo com a incumbência de prestar assistência ao muitos marinheiros que ali chegavam. É a partir desta altura – e graças a esta Ermida - que o local passou também a ser conhecido por Belém, tal como a terra natal de Jesus Cristo.


quarta-feira, 19 de março de 2008

Casamento de D.Leonor com Frederico III


As primeiras cortes realizadas no período pós regência foram as de Santarém. Um dos motivos que levou à sua convocação foi o lançamento do pedido destinado a custear as despesas de casamento de D.Leonor irmã do rei com o Imperador Frederico III da Alemanha.

D.Leonor era irmã do rei, e o casamento por procuração viria a realizar-se no dia 9 de Agosto deste mesmo ano, mas os grandiosos festejos tiveram lugar em Lisboa entre os dias 13 e 25 de Outubro.

Estiveram presentes embaixadores que representavam os reis de toda a Europa e durante dias e noites realizam-se, banquetes, danças, jogos, cortejos, touradas e matança de touros, cuja carne era distribuída pelo povo, exibição de animais e homens exóticos que haviam sido trazidos de África, torneios, justas, duelos e caçadas, representações teatrais, declamações de discursos de homenagem à princesa.

Este casamento fora negociado no ano anterior pelo barão do Alvito, João Fernandes da Silveira, em Nápoles para concretizar este casamento.

Depois dos festejos partiu uma armada de Lisboa, com destino a Itália, onde se iria efectuar a coroação do casal em 19 de Março de 1452, pelo papa Nicolau V, sendo Frederico III o último imperador ali coroado.


terça-feira, 11 de março de 2008

No rescaldo da batalha de Alfarrobeira

A batalha de Alfarrobeira, também teve bastante repercussão internacional, pelo tratamento impiedoso e indigno a que foram sujeitos os despojos do infante D.Pedro e dos demais vencidos naquela batalha.

D.Afonso V tentou justificar-se alegando com os acontecimentos sucedidos logo após a morte de D.Duarte e a negação da tutoria pessoal do rei a D.Leonor de Aragão, mantendo-se a argumentação num registo acusatório de autoritarismo, governo ambicioso, tirânico e manipulador.

Contudo as respostas que chegavam à corte não vinham conforme com o pretendido, pelo contrário traziam apontamentos de muito louvor para com o infante D. Pedro e "enviaram acerca da sua morte muito repreender El Rey" como dizia o cronista Rui de Pina.

Inclusivamente no ano de 1450 pela bula "Querelam dilecte" de 21 de Maio o papa Nicolau V manifesta a sua estranheza pela forma desumana como tinha sido tratado o corpo de D.Pedro, insepulto durante 3 dias.

Mais tarde em 1452 veio o Papa a declarar que depois de ouvidas as justificações dos emissários do rei de Portugal, aceitou as explicações dadas, permitindo que D.Afonso V prosseguisse a sua política de afastamento de cargos e dignidades a todos os eclesiásticos que tenham contribuído pelo seu apoio à revolta do infante D.Pedro.

Quanto á questão da sepultura, uma vez que D.Afonso V lhe afirmara que se havia dado sepultura cristã ao infante, Nicolau V anula a bula acima referida , onde havia ordenado aos bispos de Tournai, de Salamanca e de Leão que admoestassem todas as pessoas que sob pena de excomunhão, fossem conivente na ocultação do corpo de D.Pedro.

Internamente contudo o rei prossegue a confiscação dos bens aos partidários de D.Pedro, distribuindo-os por aqueles que tinham lutado a seu lado, iniciada no ano anterior. Entre os principais beneficiários como não podia deixar de ser encontra-se o duque de Bragança e o seu filho o conde de Ourém.

  • Nicolau V por bula, confirma ao rei de Portugal todos os territórios ultramarinos descobertos a mando do conde D.Henrique.
  • Março,02-Carta de doação do infante D.Henrique a favor de Jácome de Bruges, natural de Flandres, como donatário a ilha de Jesus Cristo (Terceira) Açores.
Doada a ilha Terceira, e feito seu primeiro capitão Jácome de Bruges pela carta que lhe foi passada na cidade de Silves a 2 de Março da 1450 anos, imediatamente cuidou de se investir na posse; e tendo passado dez meses, partiu para ela com dois navios, à sua custa carregados de vacas, porcos, ovelhas e de tudo o mais necessário à sustentação e serviço dos homens.
  • D,Afonso V concede ao infante D.Henrique o exclusivo da pesca do coral nos mares do reino por cinco anos.
Ler mais sobre a pesca do coral neste artigo, publicado no magnífico blogue Blogue de Histórias e Estórias.
  • Carta de doação da Capitania do Funchal a João Gonçalves Zarco.
dividindo a ilha em duas capitanias, fez mercê duma delas, a do Funchal, a João Gonçalves Zarco. Partiu este para a sua ilha, depois de ter casado com uma senhora por nome Constança Rodrigues de Almeida, e todo se entregou à colonização da sua maravilhosa propriedade. Não se esqueceu contudo dos seus deveres de cavaleiro, nem sobretudo da multa gratidão que devia ao infante D. Henrique, e, quando este quis tentar a expedição de Tanger, veio pôr-se à sua disposição. No cerco de Tanger foi armado cavaleiro pelo infante, e tendo escapado com vida a essa desastrosa expedição, tornou para a Madeira, onde, aproveitando as ricas maltas que existiam ali, fez construir alguns navios com que de vez em quando auxiliou o infante nas suas expedições de descobrimento para além do cabo Bojador

Extraído do Portal da História

terça-feira, 4 de março de 2008

Nascimento de Nuno Gonçalves


Embora tardiamente, Nuno Gonçalves acabou por ser reconhecido como fundador da escola de pintura portuguesa e um pintor de importância universal. Uma grande obra sua, O Políptico de São Vicente, hoje no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, consiste em seis paíneis, dois largos e quatro mais estreitos, dominados pela figura de São Vicente, o santo patrono de Lisboa e da casa real de Portugal.Obra que esteve desaparecida, só em 1882 veio a ser descoberta no Convento de São Vicente. A sua obra prima para a catedral de Lisboa foi destruída no terramoto de 1755. Recebeu a influência da arte italiana e flamenga, sem deixar entretanto de evidenciar seus próprios atributos e muita personalidade.



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A batalha da Alfarrobeira

Conforme havia sido assumido na exclusão da regência do duque de Coimbra, na qual D.Afonso V, enquanto rei, se comprometia a respeitar todas as decisões que foram tomadas por D.Pedro naquele período, não foi na realidade cumprido pelo Rei.

Já foi descrita no post anterior, a acção do duque de Bragança, na região Norte de destituição , das autoridades locais nomeadas por D.Pedro. Também as pressões dos partidários da rainha D.Leonor, afastada da corte pelo infante D.Pedro, para restituição das terras e benesses que lhe haviam sido retiradas.

A ambas pretensões, foi D.Afonso V cedendo por moto próprio, sem nunca resolver esse problema em Cortes, mas duma forma avulsa e ao sabor dos acontecimentos. Uma coisa é certa, de qualquer modo em desacordo com o que se a havia comprometido com seu tio D.Pedro.

Logo no início do ano de 1449, através dum carta é concedido o perdão real a todos os partidários de D.Pedro, que foram incriminados no processo anteriormente referido, pela resistência contra o serviço régio e da finada rainha D.Leonor. Exceptuando desse perdão, algumas personalidades directamente envolvidas no afastamento da mãe de D.Afonso V, da tutela do filho e da regência em 1439.

Todos estes acontecimentos convenceram o infante D.Pedro de que apenas lhe restava a solução de combater pela força todos os que agora dominavam o rei, o que o levara em Setembro de 1448 a Castela, para se encontrar com o influente D.Álvaro de Luna, Condestável de D.Juan II ao qual o regente havia ajudado militarmente em anos anteriores, buscando agora auxílio nas suas pretensões.

Pelo menos assim o interpretou D,Afonso V que ordenou a seu tio que lhe entregasse as armas, que guardava no seu castelo de Coimbra, que D.Pedro recusou.
Estavam em definitivo cortadas as possibilidades de acalmia nas relações entre ambos.

D.Afonso chama o duque de Bragança à corte, que foi prontamente cumprido pelo duque, trazendo o seu exército, que naturalmente pretendeu fazer atravessar por terras de Coimbra,a que o duque de Coimbra de imediato se opôs, no que considerou uma ofensa à sua dignidade.

O duque de Bragança toma então a decisão de prosseguir, chegado-se mais para sul, para terras mais perto do exército real, assentando arraial junto a Santarém.

A D. Pedro foi aconselhada moderação por seu irmão o infante D.Henrique nessa altura situado em terras de Tomar, a quem se dirigira como personalidade capaz de suster a guerra que se adivinhava.Pelo que o duque de Coimbra que mantivera os seus exército acampados em Coja, regressa a Coimbra.

Dos vários conselhos recebidos foi o de confrontar directamente as tropas de D.Afonso V, que D.Pedro decidiu seguir aplicando-se o princípio "Antes morrer grande e honrado que viver pequeno e desonrado"

Iniciou a sua marcha para sul, depois de mandar fazer grandes festas em Coimbra e com paragem na Batalha para missa e em Rio Maior durante 3 dias, na esperança de reunir maior contingente de tropas.

Em 27 de Agosto de 1449, as tropas do rei e do duque de Bragança, encontram-se reunidas e acampadas em Santarém. Face ao avanço de D.Pedro para sul em direcção a Lisboa e ao completo desprezo com que o o infante acolhia a ordem real de abandono da ofensiva e regresso a Coimbra, decide então avançar ao encontro do grupo de D.Pedro.

Muita gente entretanto havia desertado das força comandadas por D.Pedro, à medida que o avanço para Lisboa se acentuava, maior era a previsão que a desproporção de forças acentuava, numa derrota militar do infante. Era esse o balanço que se podia fazer quando acampou junto ao ribeiro de Alfarrobeira, perto de Alverca.

Uma vez frente a frente mais se acentuaram a desproporção das forças, retirando todas as possibilidades de vitória para D.Pedro, ao mesmo que se manifestava a vontade do rei de não querer atacar as tropas do duque seu tio, apenas exigia a sua rendição incondicional, no que não houve acolhimento

A confrontação foi breve, mas violenta tendo o infante D.Pedro sido atingido com uma seta no coração, vindo a falecer, ficando o seu cadáver abandonado no campo e depois recolhido numa pobre casa durante 3 dias, completamente ao abandono, sem o tratamento com a dignidade, que o seu nascimento impunha.




terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Acontecimento no ano de 1448

Atendendo a factos sucedidos no ano de 1447, nada fazia prever que as relações entre D.Afonso V e o seu tio D.Pedro duque de Coimbra, viessem a deteriorar-se.

Inclusivamente em Agosto haviam sido confirmadas pelo rei os seus bens patrimoniais, quer na área de Coimbra e Aveiro mas igualmente em Setúbal, Alcácer do Sal e Évora.

Porém no princípio de 1448, as informações pouco abonatórias sobre D.Pedro chegadas ao Rei, sempre com a manipulação do Duque de Bragança, do conde de Ourém e do arcebispo de Lisboa, D.Pedro de Noronha.

A intriga surtiu efeito no espírito do monarca que não atendeu às tentativas de conciliação do próprio D. Pedro que lhe escreveu renovando a sua obediência e defendendo-se das calúnias

Formalmente despedido por carta real de 11 de Julho de 1448, não faltaram os elogios da praxe e o reconhecimento das dificuldades encontradas, bem com a garantia dada que aprovaria tudo o que por D.Pedro havia sido feito na governação de Portugal.

Após esta carta D.Pedro recolheu aos seus domínios de Coimbra.Porém a questão não iria ficar por aqui a demissão de D.pedro da governação trouxe também muita agitação, em vários locais do reino, por parte dos seus seguidores o que terá trazido alguma inquietação ao Rei.

D.Afonso V, tinha também outra preocupação a de repor justiça para com os que haviam tomado o partido de sua mãe. que iria colidir naturalmente com concessões nobiliárquicas outorgadas por D.Pedro
.
O meses que se irão seguir até Maio do ano seguinte vão ser decisivos, a pouca força dos seguidores do infante com assento no Conselho Real e a excessiva confiança de D.Pedro, que sua filha a rainha, moveria influência bastante junto da Corte e do rei, para que a questão não se agravasse, não foram suficientes para suster o desenlace que se avizinha.

Este conflito afinal não passava dum manifesto reencontro entre as casas de Bragança e de Coimbra, aproveitando o duque Afonso de Bragança, para ir destituindo dos seus cargos, todos os oficiais que D. Pedro havia nomeado entre Entre Douro e Minho.

D.Afonso de Bragança, e primeiro duque era filho bastardo de D.João I, irmão de D.Pedro, mas nunca havia perdoado que a sua bastardia o não tivesse colocado ao nível dos seus irmãos. A verdadeira disputa era pois para já, disputar a influência junto do rei D.Afonso, para isso havia para já que destronar D.Pedro desse lugar, mais tarde se veria o que fazer.

Um encontro em Lisboa, entre D.Afonso V e seu tio D.Henrique, irmão de D.Pedro, por proposta deste último, que pretendia intermediar uma reconciliação.

Um a um contudo todos os nobres do reino mesmo os mais importantes, que era amigos ou apoiavam D.Pedro, ou preenchiam lugares nomeados por ele foram notificados a afastarem -se do Duque de Coimbra.

Entre eles o conde de Avranches D.Álvaro Vaz de Almada, um dos primeiros que na Europa havia sido galardoado com a Ordem da Jarreteira, fiel amigo de D.Pedro.

Em Novembro, foi determinado que o Infante de Sagres, fosse a Coimbra junto do irmão, procurar que D.Pedro assinasse um documento de defesa, enquanto idêntico documento era pedido ao Duque de Bragança, depondo nas mãos do rei a decisão da contenda, entre os dois irmãos.

O documento de concórdia emanado do rei acabou por ser assinado pelos dois duques, parecendo que a contenda ficaria por ali.

  • Outubro-Confirmação da doação ao Infante D.Henrique do cabo de S.Vicente
Carta de confirmação da doação ao Infante D.Henrique do cabo de Transfalmenar (S.Vicente ) e de uma légua em seu redor.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1447(1ªParte)

A Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma, situado na Via del Portughesi, deriva de outra muito mais antiga, que teve por titular não o nosso Santo António de Lisboa, mas Santo Antão evocado numa capela que aí existia e que em 1440 foi adquirida por D.Antão Martins de Chaves que viria ser 2 anos mais tarde bispo do Porto, anexando-a ao hospício que D. Guiomar de Lisboa havia fundado, cerca de 1363, para assistência dos peregrinos e peregrinas pobres, idos de Portugal com o fim de venerar os túmulos dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo e de lucrar indulgências.

Desta invocação de Santo Antão (que em latim e italiano se diz Santo António) tornou-se fácil passar à do nosso Santo António, dito de Lisboa, porque aqui nasceu, ou de Pádua, porque aí morreu e foi sepultado.


No decurso dos tempos, a igreja foi ampliada e diversas vezes restaurada e sempre cada vez mais enriquecida.

A fachada ostenta o brasão de Portugal. O interior é harmonioso, rico em mármores, estuques e bronzes; consta de uma só nave, com quatro capelas laterais e amplo transepto.
Na primeira capela do lado esquerdo, há um quadro de Antoniazzo Romano (1430-1508), pintado sobre madeira, que representa a Virgem Maria com o Menino, Santo António e S. Francisco de Assis; é talvez a obra de arte mais antiga e de maior valor. Os restantes quadros são de autores mais recentes.

A grande tela do retábulo da abside, que representa a aparição de Nossa Senhora com o Menino a Santo António, é do pintor Giacinto Calandrucci (1646-1707).

Também é do mesmo o Baptismo de Jesus, na segunda capela do lado direito.
Singularmente expressivo é o grande quadro de Santa Isabel (entre o marido D. Dinis e o filho D. Afonso IV), no lado direito do transepto dos pintores romanos José Cades (1750-1799) e Luigi Agrícola (1710-1801), que o terminou.

Na extremidade oposta do mesmo transepto encontra-se o altar da Imaculada Conceição; o quadro foi pintado por Jácome Zoboli (1681-1717). Na capela-mor, nas duas paredes laterais, há dois quadros, pintados a óleo sobre tela à volta dos anos de 1720-1730; um deles representa as Princesas Santas Sancha e Teresa, filhas de D. Sancho I, e o outro a Princesa Santa Joana, filha de D. Afonso V.

Estas figuras, com Santa Mafalda, também se encontram nos medalhões da cúpula desde a segunda metade do século XIX, tendo sido afrescadas pela mão de Francesco Grandi (1831-1891), outrossim autor dos pendentes que representam os Santos Mâncio, Geraldo, Dâmaso e Vítor, de origem ibérica.


(Texto extraído de João Gonçalves Gaspar, Santa Joana em Roma, In: "Correio do Vouga", 1 de Agosto de 2007, p. 8.)

O cardeal D.Antão Martins de Chaves bispo do Porto morreu em Roma no dia 11 de Julho de 1447.


  • Março-Cortes de Évora
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O motivo fundamental da sua convocação, relaciona-se com a votação de pedidos destinados às festas de casamento entre D.Afonso V e D.Isabel.
Tratava-se de promover uma recolha de fundos para cobrir as despesas matrimoniais.
Contudo o respectivo contrato nupcial só seria lavrado em Lisboa no dia 6 de Maio de 1447.
É garantida a dotação à noiva D.Isabel de todas as terras e vilas que haviam pertencido à mãe de D.Afonso V, uma renda anual substancialmente maior, bem como todos os bens que lhe haviam pertencido.



sábado, 2 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1446

No dia 15 de Janeiro de 1446, D.Afonso V perfez 14 anos, segundo os costumes atingia a maioridade, sendo-lhe reconhecido o direito à administração e posse do reino.

Nesse dia em Lisboa no Palácio das Alcáçovas, em sessão plenária de Cortes, o regente D.Pedro entrega ao sobrinho a vara real da justiça.

Segundo Ruy de Pina o cronista e porque as pressões nomeadamente do tio D.Henrique, foram bastante grandes, no sentido do governo de Portugal, se manter mais algum tempo, nas mãos do ex-regente D.Pedro, tendo o rei aceitado "porque receava não poder sozinho com tamanho cargo".

Assim aconteceu realmente mas desde essa altura nunca mais D.Afonso V deixará de intervir nos negócios do reino.

Foi também nestas cortes em Lisboa, que se confirmou oficialmente o casamento de D.Afonso V com sua prima D.Isabel filha do seu tio D.Pedro. O contrato nupcial só será celebrado em Maio de 1447.

Outros acontecimentos em Portugal
  • Julho,28-Ordenações Afonsinas.
Esta ordenações consistiram numa colectânea de todas as leis que tinham sido publicadas no Reino e que correspondia a um pedido várias vezes solicitado em Cortes, por forma a que se coordenasse e actualizasse o direito vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça.

Esse trabalho já havia começado no tempo de D.Duarte pela mão do Doutor Rui Fernandes.

As ordenações foram contudo posteriormente revistas pelo regente D.Pedro.
As Ordenações encontram-se divididas em cinco livros.

Todos os livros são precedidos de preâmbulo, que no primeiro é mais extenso que nos restantes, pois lá se narra a história da compilação.

Quem estiver interessado na leitura integral clicar aqui

Este trabalho foi realizado por:
Livro I,II,III e IV
Ivone Susana Cortesão Heitor
Livro V
Anabela Maia
Liliana Ventura
José Carlos Marques
Duarte Freitas

Nas cadeiras de Introdução à Informática para as Ciências Sociais e Humanas e Métodos informáticos paras as Ciências Sociais e Humanas, do Instituto de História e Teoria das Ideias da Faculdade de Letras de Coimbra.
  • Novas aventuras no desconhecido
.Expedição de Álvaro Fernandes, que terá atingido o rio Casamansa e a enseada final de Varela, no limiar norte da actual Guiné-Bissau, passando 110 légua além de Cabo Verde.

.Nuno Tristão, parte para um reconhecimento da costa africana, atingindo o rio do Nuno na Guiné francesa. Sendo morto nesta empresa pelo nativos

.João Infante filho de Nuno Tristão, descobre o rio Grande (rio Geba na actual Guiné-Bissau).

.Estevão Afonso atinge o rio Gâmbia na região dos Mandingas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Primeiras aventuras no desconhecido(1445)

Neste ano aconteceram mais algumas incursões marítimas, algumas ainda um pouco incipientes como a de Dinis Eanes da Grã, Álvaro Gil percorrendo 6 léguas par além de Cabo Verde na hoje designada Petite Côte que é um troço de costa senegalesa situadas a sul de Dakar, entre Península de Cabo Verde e do Sine-Saloum.

Outras de maior dimensão com a frota organizada em Lagos, donde saiu Álvaro Fernandes, sobrinho de João Gonçalves Zarco, que passando Cabo Verde segue até ao cabo dos Mastos ou Vermelho.

João Fernandes, companheiro de Antão Gonçalves na viagem ao Rio do Ouro, deambula pelo interior de África até Tegazza (região dos Tuaregues), durante sete meses é o 1º explorador europeu em África.Saí em demanda do Prestes João. Rei que se julgava existir e ser católico que ajudaria na conquista de Marrocos.

A casa dos Tratos de Arguim (Mauritânia) inicia as suas actividades comerciais em Lagos ao mesmo tempo que se inicia a construção duma feitoria naquele local, que seria o primeiro estabelecimento comercial dos Portugueses na África negra.

4ª expedição comandada por Nuno Tristão vai até ao Rio Grande que corresponde ao Geba ou à Gâmbia.

Outros acontecimentos em Portugal
  • Fevereiro,18-Morte em Toledo de D.Leonor de Aragão, viúva de D.Duarte e mãe do rei D.Afonso V.
O regente D.Pedro consegue trazer para Portugal a jovem infanta D.Joana que se junto em Lisboa a sua irmã Catarina ficando ambas entregues aos cuidados duma ama comum, mas que viriam a ter destinos bem diferentes.

D.Joana viria a casar com Henrique IV de Castela, casamento de que nasceu D. Joana, a Beltraneja, para muitos considerada filha dos amores adulterinos de D. Joana com o nobre D. Beltrán de la Cueva.

D.Catarina, rometida a D. Carlos, príncipe de Navarra, por morte deste recolheu-se ao Convento de Santa Clara.

Foi princesa culta e autora de várias obras de fundo religioso e moral.

sábado, 5 de janeiro de 2008

O comércio de escravos um novo negócio

  • Agosto,08-A partilha de escravos na vila de Lagos
(antigo mercado de escravos em Lagos)

As viagens portugueses à África Ocidental sofreram uma pequena pausa (ou abrandamento), no último quartel dos anos trinta, mas foram retomadas no princípio da década de quarenta, com resultados que pareciam ter uma importância económica significativa, sobretudo a captura de escravos, ao ponto de motivarem a iniciativa privada para armar navios e levar a cabo algumas expedições.

A primeira delas tem lugar no ano de 1444, é proposta por um tal Lançarote,“almoxarife de el-Rei naquela vila de Lagos”, e leva como segunda figura e capitão de um dos navios, Gil Eanes, “aquele que escrevemos que primeiramente passara o cabo Bojador” – como diz o cronista.

São seis caravelas que se dirigem à Ilha das Garças, a sul dos Baixos de Arguim, onde Nuno Tristão já tinha estado no ano anterior.

A expedição tinha objectivos essencialmente comerciais, mas isso não era incompatível com a exploração de algumas das ilhas mais a sul, sobre as quais, aliás, já havia informações concretas de que era possível fazer grande número de cativos, como viria a acontecer.

Em Naar e Tider, com relativa facilidade, deram caça aos mouros que andavam desprevenidos em fainas de pesca, ou que viviam perto da costa. A zona não é fácil para a navegação com as caravelas, mas à custa dos batéis e com saídas bruscas obtiveram o maior número de escravos que alguma vez tinha sido feito por qualquer expedição portuguesa.

No dia 8 de Agosto de 1444 – um dia após a sua chegada – teve lugar no terreiro, defronte da porta da vila de Lagos, a macabra partilha duma mercadoria que se viria a tornar habitual.

Esta partilha tem como assistente o Infante D.Henrique e a crónica dos feitos da Guiné de Zurara, relata dum forma impressionante, eis uma passagem ;


Mas qual seria o coração, por duro que ser podesse, ti que não fosse pungido de piedoso sentimento, vendo assim aquela companha? Que uns tinham as caras baixas e os rostros lavados com lagrimas, olhando uns contra os outros; outros estavam gemendo mui dolorosamente, esguardando a altura dos ceus, firmando os olhos em eles, bradando altamente, como se pedissem acorro ao Padre da natureza; outros feriam seu rostro com suas palmas, lançando-se tendidos no meio do chão; outros faziam suas lamentações em maneira de canto, segundo o costume de sua terra, nas quaes, posto que as palavras da linguagem dos nossos não podesse ser entendida, bem correspondia ao grau de sua tristeza.

  • Outras incursões pela costa de África neste ano
Gonçalo Sintra descrito por Zurara como tendo sido «moço de estribeyra» e mais tarde escudeiro do Infante D. Henrique, e que, ao seu serviço, juntamente com Dinis Dias, terá descoberto o Cabo Branco e a ilha de Arguim, vindo a falecer, juntamente com a tripulação em 1444 na ilha de Naar ou de Tíder.

Diogo Afonso, criado do Infante D.Henrique, juntamente com Antão Gonçalves e Gomes Pires, terá chegado ao Rio do Ouro, com 3 caravelas.

É ainda em 1444 que um caravela comandada por Nuno Tristão realiza um progresso significativo, a chegada à Terra dos Negros ou Guiné, que garante aos navegantes que haviam chegado a um novo espaço verde e de aparência fértil em contraste com a terra desértica e arenosa que até aí haviam tocado.

Dinis Dias volta outra vez ainda este ano, comandando uma caravela armada em Lagos, avançando até à ilha da Palma no actual Senegal.