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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A batalha da Alfarrobeira

Conforme havia sido assumido na exclusão da regência do duque de Coimbra, na qual D.Afonso V, enquanto rei, se comprometia a respeitar todas as decisões que foram tomadas por D.Pedro naquele período, não foi na realidade cumprido pelo Rei.

Já foi descrita no post anterior, a acção do duque de Bragança, na região Norte de destituição , das autoridades locais nomeadas por D.Pedro. Também as pressões dos partidários da rainha D.Leonor, afastada da corte pelo infante D.Pedro, para restituição das terras e benesses que lhe haviam sido retiradas.

A ambas pretensões, foi D.Afonso V cedendo por moto próprio, sem nunca resolver esse problema em Cortes, mas duma forma avulsa e ao sabor dos acontecimentos. Uma coisa é certa, de qualquer modo em desacordo com o que se a havia comprometido com seu tio D.Pedro.

Logo no início do ano de 1449, através dum carta é concedido o perdão real a todos os partidários de D.Pedro, que foram incriminados no processo anteriormente referido, pela resistência contra o serviço régio e da finada rainha D.Leonor. Exceptuando desse perdão, algumas personalidades directamente envolvidas no afastamento da mãe de D.Afonso V, da tutela do filho e da regência em 1439.

Todos estes acontecimentos convenceram o infante D.Pedro de que apenas lhe restava a solução de combater pela força todos os que agora dominavam o rei, o que o levara em Setembro de 1448 a Castela, para se encontrar com o influente D.Álvaro de Luna, Condestável de D.Juan II ao qual o regente havia ajudado militarmente em anos anteriores, buscando agora auxílio nas suas pretensões.

Pelo menos assim o interpretou D,Afonso V que ordenou a seu tio que lhe entregasse as armas, que guardava no seu castelo de Coimbra, que D.Pedro recusou.
Estavam em definitivo cortadas as possibilidades de acalmia nas relações entre ambos.

D.Afonso chama o duque de Bragança à corte, que foi prontamente cumprido pelo duque, trazendo o seu exército, que naturalmente pretendeu fazer atravessar por terras de Coimbra,a que o duque de Coimbra de imediato se opôs, no que considerou uma ofensa à sua dignidade.

O duque de Bragança toma então a decisão de prosseguir, chegado-se mais para sul, para terras mais perto do exército real, assentando arraial junto a Santarém.

A D. Pedro foi aconselhada moderação por seu irmão o infante D.Henrique nessa altura situado em terras de Tomar, a quem se dirigira como personalidade capaz de suster a guerra que se adivinhava.Pelo que o duque de Coimbra que mantivera os seus exército acampados em Coja, regressa a Coimbra.

Dos vários conselhos recebidos foi o de confrontar directamente as tropas de D.Afonso V, que D.Pedro decidiu seguir aplicando-se o princípio "Antes morrer grande e honrado que viver pequeno e desonrado"

Iniciou a sua marcha para sul, depois de mandar fazer grandes festas em Coimbra e com paragem na Batalha para missa e em Rio Maior durante 3 dias, na esperança de reunir maior contingente de tropas.

Em 27 de Agosto de 1449, as tropas do rei e do duque de Bragança, encontram-se reunidas e acampadas em Santarém. Face ao avanço de D.Pedro para sul em direcção a Lisboa e ao completo desprezo com que o o infante acolhia a ordem real de abandono da ofensiva e regresso a Coimbra, decide então avançar ao encontro do grupo de D.Pedro.

Muita gente entretanto havia desertado das força comandadas por D.Pedro, à medida que o avanço para Lisboa se acentuava, maior era a previsão que a desproporção de forças acentuava, numa derrota militar do infante. Era esse o balanço que se podia fazer quando acampou junto ao ribeiro de Alfarrobeira, perto de Alverca.

Uma vez frente a frente mais se acentuaram a desproporção das forças, retirando todas as possibilidades de vitória para D.Pedro, ao mesmo que se manifestava a vontade do rei de não querer atacar as tropas do duque seu tio, apenas exigia a sua rendição incondicional, no que não houve acolhimento

A confrontação foi breve, mas violenta tendo o infante D.Pedro sido atingido com uma seta no coração, vindo a falecer, ficando o seu cadáver abandonado no campo e depois recolhido numa pobre casa durante 3 dias, completamente ao abandono, sem o tratamento com a dignidade, que o seu nascimento impunha.




terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Acontecimento no ano de 1448

Atendendo a factos sucedidos no ano de 1447, nada fazia prever que as relações entre D.Afonso V e o seu tio D.Pedro duque de Coimbra, viessem a deteriorar-se.

Inclusivamente em Agosto haviam sido confirmadas pelo rei os seus bens patrimoniais, quer na área de Coimbra e Aveiro mas igualmente em Setúbal, Alcácer do Sal e Évora.

Porém no princípio de 1448, as informações pouco abonatórias sobre D.Pedro chegadas ao Rei, sempre com a manipulação do Duque de Bragança, do conde de Ourém e do arcebispo de Lisboa, D.Pedro de Noronha.

A intriga surtiu efeito no espírito do monarca que não atendeu às tentativas de conciliação do próprio D. Pedro que lhe escreveu renovando a sua obediência e defendendo-se das calúnias

Formalmente despedido por carta real de 11 de Julho de 1448, não faltaram os elogios da praxe e o reconhecimento das dificuldades encontradas, bem com a garantia dada que aprovaria tudo o que por D.Pedro havia sido feito na governação de Portugal.

Após esta carta D.Pedro recolheu aos seus domínios de Coimbra.Porém a questão não iria ficar por aqui a demissão de D.pedro da governação trouxe também muita agitação, em vários locais do reino, por parte dos seus seguidores o que terá trazido alguma inquietação ao Rei.

D.Afonso V, tinha também outra preocupação a de repor justiça para com os que haviam tomado o partido de sua mãe. que iria colidir naturalmente com concessões nobiliárquicas outorgadas por D.Pedro
.
O meses que se irão seguir até Maio do ano seguinte vão ser decisivos, a pouca força dos seguidores do infante com assento no Conselho Real e a excessiva confiança de D.Pedro, que sua filha a rainha, moveria influência bastante junto da Corte e do rei, para que a questão não se agravasse, não foram suficientes para suster o desenlace que se avizinha.

Este conflito afinal não passava dum manifesto reencontro entre as casas de Bragança e de Coimbra, aproveitando o duque Afonso de Bragança, para ir destituindo dos seus cargos, todos os oficiais que D. Pedro havia nomeado entre Entre Douro e Minho.

D.Afonso de Bragança, e primeiro duque era filho bastardo de D.João I, irmão de D.Pedro, mas nunca havia perdoado que a sua bastardia o não tivesse colocado ao nível dos seus irmãos. A verdadeira disputa era pois para já, disputar a influência junto do rei D.Afonso, para isso havia para já que destronar D.Pedro desse lugar, mais tarde se veria o que fazer.

Um encontro em Lisboa, entre D.Afonso V e seu tio D.Henrique, irmão de D.Pedro, por proposta deste último, que pretendia intermediar uma reconciliação.

Um a um contudo todos os nobres do reino mesmo os mais importantes, que era amigos ou apoiavam D.Pedro, ou preenchiam lugares nomeados por ele foram notificados a afastarem -se do Duque de Coimbra.

Entre eles o conde de Avranches D.Álvaro Vaz de Almada, um dos primeiros que na Europa havia sido galardoado com a Ordem da Jarreteira, fiel amigo de D.Pedro.

Em Novembro, foi determinado que o Infante de Sagres, fosse a Coimbra junto do irmão, procurar que D.Pedro assinasse um documento de defesa, enquanto idêntico documento era pedido ao Duque de Bragança, depondo nas mãos do rei a decisão da contenda, entre os dois irmãos.

O documento de concórdia emanado do rei acabou por ser assinado pelos dois duques, parecendo que a contenda ficaria por ali.

  • Outubro-Confirmação da doação ao Infante D.Henrique do cabo de S.Vicente
Carta de confirmação da doação ao Infante D.Henrique do cabo de Transfalmenar (S.Vicente ) e de uma légua em seu redor.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1447(1ªParte)

A Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma, situado na Via del Portughesi, deriva de outra muito mais antiga, que teve por titular não o nosso Santo António de Lisboa, mas Santo Antão evocado numa capela que aí existia e que em 1440 foi adquirida por D.Antão Martins de Chaves que viria ser 2 anos mais tarde bispo do Porto, anexando-a ao hospício que D. Guiomar de Lisboa havia fundado, cerca de 1363, para assistência dos peregrinos e peregrinas pobres, idos de Portugal com o fim de venerar os túmulos dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo e de lucrar indulgências.

Desta invocação de Santo Antão (que em latim e italiano se diz Santo António) tornou-se fácil passar à do nosso Santo António, dito de Lisboa, porque aqui nasceu, ou de Pádua, porque aí morreu e foi sepultado.


No decurso dos tempos, a igreja foi ampliada e diversas vezes restaurada e sempre cada vez mais enriquecida.

A fachada ostenta o brasão de Portugal. O interior é harmonioso, rico em mármores, estuques e bronzes; consta de uma só nave, com quatro capelas laterais e amplo transepto.
Na primeira capela do lado esquerdo, há um quadro de Antoniazzo Romano (1430-1508), pintado sobre madeira, que representa a Virgem Maria com o Menino, Santo António e S. Francisco de Assis; é talvez a obra de arte mais antiga e de maior valor. Os restantes quadros são de autores mais recentes.

A grande tela do retábulo da abside, que representa a aparição de Nossa Senhora com o Menino a Santo António, é do pintor Giacinto Calandrucci (1646-1707).

Também é do mesmo o Baptismo de Jesus, na segunda capela do lado direito.
Singularmente expressivo é o grande quadro de Santa Isabel (entre o marido D. Dinis e o filho D. Afonso IV), no lado direito do transepto dos pintores romanos José Cades (1750-1799) e Luigi Agrícola (1710-1801), que o terminou.

Na extremidade oposta do mesmo transepto encontra-se o altar da Imaculada Conceição; o quadro foi pintado por Jácome Zoboli (1681-1717). Na capela-mor, nas duas paredes laterais, há dois quadros, pintados a óleo sobre tela à volta dos anos de 1720-1730; um deles representa as Princesas Santas Sancha e Teresa, filhas de D. Sancho I, e o outro a Princesa Santa Joana, filha de D. Afonso V.

Estas figuras, com Santa Mafalda, também se encontram nos medalhões da cúpula desde a segunda metade do século XIX, tendo sido afrescadas pela mão de Francesco Grandi (1831-1891), outrossim autor dos pendentes que representam os Santos Mâncio, Geraldo, Dâmaso e Vítor, de origem ibérica.


(Texto extraído de João Gonçalves Gaspar, Santa Joana em Roma, In: "Correio do Vouga", 1 de Agosto de 2007, p. 8.)

O cardeal D.Antão Martins de Chaves bispo do Porto morreu em Roma no dia 11 de Julho de 1447.


  • Março-Cortes de Évora
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O motivo fundamental da sua convocação, relaciona-se com a votação de pedidos destinados às festas de casamento entre D.Afonso V e D.Isabel.
Tratava-se de promover uma recolha de fundos para cobrir as despesas matrimoniais.
Contudo o respectivo contrato nupcial só seria lavrado em Lisboa no dia 6 de Maio de 1447.
É garantida a dotação à noiva D.Isabel de todas as terras e vilas que haviam pertencido à mãe de D.Afonso V, uma renda anual substancialmente maior, bem como todos os bens que lhe haviam pertencido.



sábado, 2 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1446

No dia 15 de Janeiro de 1446, D.Afonso V perfez 14 anos, segundo os costumes atingia a maioridade, sendo-lhe reconhecido o direito à administração e posse do reino.

Nesse dia em Lisboa no Palácio das Alcáçovas, em sessão plenária de Cortes, o regente D.Pedro entrega ao sobrinho a vara real da justiça.

Segundo Ruy de Pina o cronista e porque as pressões nomeadamente do tio D.Henrique, foram bastante grandes, no sentido do governo de Portugal, se manter mais algum tempo, nas mãos do ex-regente D.Pedro, tendo o rei aceitado "porque receava não poder sozinho com tamanho cargo".

Assim aconteceu realmente mas desde essa altura nunca mais D.Afonso V deixará de intervir nos negócios do reino.

Foi também nestas cortes em Lisboa, que se confirmou oficialmente o casamento de D.Afonso V com sua prima D.Isabel filha do seu tio D.Pedro. O contrato nupcial só será celebrado em Maio de 1447.

Outros acontecimentos em Portugal
  • Julho,28-Ordenações Afonsinas.
Esta ordenações consistiram numa colectânea de todas as leis que tinham sido publicadas no Reino e que correspondia a um pedido várias vezes solicitado em Cortes, por forma a que se coordenasse e actualizasse o direito vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça.

Esse trabalho já havia começado no tempo de D.Duarte pela mão do Doutor Rui Fernandes.

As ordenações foram contudo posteriormente revistas pelo regente D.Pedro.
As Ordenações encontram-se divididas em cinco livros.

Todos os livros são precedidos de preâmbulo, que no primeiro é mais extenso que nos restantes, pois lá se narra a história da compilação.

Quem estiver interessado na leitura integral clicar aqui

Este trabalho foi realizado por:
Livro I,II,III e IV
Ivone Susana Cortesão Heitor
Livro V
Anabela Maia
Liliana Ventura
José Carlos Marques
Duarte Freitas

Nas cadeiras de Introdução à Informática para as Ciências Sociais e Humanas e Métodos informáticos paras as Ciências Sociais e Humanas, do Instituto de História e Teoria das Ideias da Faculdade de Letras de Coimbra.
  • Novas aventuras no desconhecido
.Expedição de Álvaro Fernandes, que terá atingido o rio Casamansa e a enseada final de Varela, no limiar norte da actual Guiné-Bissau, passando 110 légua além de Cabo Verde.

.Nuno Tristão, parte para um reconhecimento da costa africana, atingindo o rio do Nuno na Guiné francesa. Sendo morto nesta empresa pelo nativos

.João Infante filho de Nuno Tristão, descobre o rio Grande (rio Geba na actual Guiné-Bissau).

.Estevão Afonso atinge o rio Gâmbia na região dos Mandingas.