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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Acontecimentos no ano de 1445

  • Maio,15-D.Pedro Condestável sai em auxilio do rei de Castela,

Na sequência dos acontecimento que ocorriam entra Castela e Navarra, a guerra intensa que envolvia esses reinos da Ibéria, tinha sofrido uma paragem devido à trégua de cinco meses, que D.João II de Castela solicitara, com início em Setembro de 1444 e que o rei de Navarra aceitara na esperança de vir poder vir a obter o auxilio de Afonso V de Aragão.

Ora também o rei castelhano procurava reorganizar-se financeira e militarmente, pelo que solicitara ao rei português ( na pessoa do regente D.Pedro) auxilio militar, já no terminus da referida trégua.

Pedido esse com o testemunho de D.Álvaro de Luna e as mais importantes personalidades do reino Castelhano.

Face a esse pedido o regente manda reunir o seu conselho, que reuniu em Tentúgal, no dia 25 de Abril de 1445, que aprovou o pedido castelhano de reforço militar, composto por mais de 2000 homens.

Atendendo à sua amizade com D.Álvaro de Luna e na impossibilidade do próprio regente chefiar essa missão militar, foi decidido que a chefia seria entregue o seu filho mais velho o Condestável D.Pedro, armado cavaleiro como consequência dessa nomeação, com apenas 15 anos.

O contigente militar terá partido a 15 de Maio de 1445 e porque a batalha de Olmedo entre os vizinhos beligerantes, se realizou 4 dias depois, há cronistas que assinalam ,que o condestável português terá chegado depois desse confronto.

Mais uma vez no que toca a auxílios ou não vamos ou chegamos depois, das duas uma ou os preparativos demoraram mais do que o previsto e a data da saída não foi a referida ou perderam-se pelo caminho.


  • Setembro,28-Contrato de casamento entre D.Fernando irmão do rei com sua prima direita D.Beatriz
D. Fernando, nasceu em Almeirim, a 17 de Novembro de 1433, foi 2 ° duque de Viseu e 1 ° duque de Beja, vindo a ser o herdeiro de seu tio, o infante D. Henrique, e 9 ° mestre da Ordem de Cristo

D. Beatriz que nasceu por volta de 1430 era filha do infante D. João e de D. Isabel, filha de D. Afonso, 8 ° conde de Barcelos, deste casamento viria a nascer, entre outros filhos D. Manuel que viria a herdar o trono de Portugal

Devido à idade do noivo o casamento só se viria realizar 2 anos depois

sábado, 7 de novembro de 2009

Acontecimentos no ano de 1444

  • O Papa Eugénio IV eleva D. João Manuel, filho bastardo de D.Duarte, fruto duma ligação a uma nobre castelhana D. Juana Manuel, ao título de bispo de Ceuta, obtendo logo a seguir o título de primaz da África.
Antes do casamento teve D. Duarte um filho de D. Joana Manuel, nobre de ascendência castelhana:

D. João Manuel, nasceu em data anterior a 1420, e morreu em fins de 1476, sendo sepultado na Igreja do Carmo, em Lisboa. Foi religioso desta Ordem, onde em 1441 exerceu o cargo de provincial e recebeu o título de bispo de Tiberíades.

No ano de 1443, quando da vacatura do bispado de Ceuta, foi provido nesse múnus, obtendo logo a seguir o título de primaz da África.

Em 1450 era capelão-mor de D. Afonso V e, nove anos depois, bispo da Guarda, cidade onde nunca residiu. Deixou dois filhos, D. João Manuel e D. Nuno Manuel, que tiveram grande valimento na parte final do reinado de D. Afonso V e no tempo de D. João II.

Fonte :O Portal da História
  • Março.29-Nomeação do filho primogénito do regente D. Pedro, D. Pedro já Condestável do Reino, para o mestrado de Avis.
  • Maio,23-O infante D. Fernando, jovem irmão do rei, é nomeado pelo regente D. Pedro mestre da Ordem de Santiago (que do infante D. João passara a seu filho D. Diogo).

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Acontecimento no ano de 1443(II)

  • Junho,03-Falecimento de D.Fernando, o Infante Santo em Fez.
Os últimos 15 meses que viveu, passou-os encerrado numa escura casa contígua à latrina do alcançar, sem ter com quem falasse nem a quem se pudesse queixar.

Sendo conhecida a sua morte, Lazaraque mandou embalsamar o corpo, e para maior desprezo e afronta para com o infeliz prisioneiro, o fez pendurar nu das ameias da muralha junto duma porta da cidade, atado pelas pernas com a cabeça para baixo, ali se celebraram jogos e festas em sinal de triunfo.

Passados 4 dias foi metido num ataúde de madeira, e pendurado por cadeias sobre a mesma muralha, onde esteve muitos anos, até que no tempo de D. Afonso V, seu sobrinho, foi trazido a este. reino, não concordando os cronistas no ano, nem a forma como veio transportado.

Esteve depositado em Lisboa no convento do Salvador, e dali se transferiu para o convento da Batalha com grande pompa, sendo acompanhado pelos prelados e grandes do reino, ficando na capela de D. João, seu pai, num túmulo de pedra, levantado como o do seus irmãos.

Tem um altar particular onde se celebrava missa todos os dias. No retábulo está retratada a sua imagem com os grilhões, e nos vários sucessos de seus trabalhos. 0 infante D. Henrique também o mandou pintar no seu altar pela muita devoção que lhe consagrava. Sobre o seu túmulo está a sua estátua, em pedra.

  • Outubro,22-Concessão ao Infante D.Henrique do monopólio da navegação das terras para além do Bojador.
Carta régia do regente D.Pedro, em nome de D.Afonso V, concedendo ao infante D.Henrique o monopólio da navegação, guerra e comércio das terras para além do cabo do Bojador, bem como a vila de Gouveia e o cabo de S.Vicente e uma légua em seu redor.

sábado, 23 de maio de 2009

Acontecimento no ano de 1442(II)

  • Eugénio IV-Bula Etsis suscepti concedendo indulgência plenária a todos os que defenderam Ceuta ou participaram na expedições contra os sarracenos
Confirmando as doações de D. Duarte e D. Afonso V, ao Infante D. Henrique e à Ordem de Cristo, da jurisdição espiritual, permitindo ao Infante conservar o poder temporal em seu ducado de Viseu.

Missão expansionista com direito de reter, administrar e legar terras e ilhas do mar Oceano. O reconhecimento pela Santa Sé acompanhava do dever de propiciar o povoamento e aexploração da Madeira, Açores e Cabo Verde (seriam os modelos de colonização do Brasil)

  • 4 de Maio-Estabelecimento de feira anual na vila de Pombal (senhorio de D.Henrique)
Em 4 de Maio de 1442 D.Afonso V deu poder e lugar ao tio, Infante D.Henrique, para mandar fazer na sua vila de Pombal feira franqueada, anual, de 23 de Junho a 8 de Julho, com isenção de meia sisa.

Actualmente a feira anual tem lugar durante as festas do Bodo, em Julho. A feira anual de Abiúl realiza-se no primeiro sábado de Agosto e em Vermoil, Bodo das Castanhas, no último domingo de Outubro.
  • D.Pedro doa a D.Afonso conde de Barcelos a vila de Bragança com o titulo de duque
Graças ao empenho e à diplomacia de D. João Afonso nas negociações do tratado de Alcanises, D. Dinis constituiu-o "conde donatário vitalício da vila de Barcelos". Decorria o ano de 1298, e aquela era a primeira vez que, em Portugal, se atribuía o título de conde com carácter vitalício e funções públicas.

Nascia então em Barcelos o primeiro condado português, depois de se ter tornado vila régia pelas mãos de D. Afonso Henriques e do seu primeiro foral.

Em 1442, D. Afonso - o 8.º conde de Barcelos - por doação de D. Pedro, viu acrescentar-lhe ao título de Conde de Barcelos, o de primeiro Duque de Bragança, aumentando assim os privilégios da vila barcelense.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Acontecimentos no ano de 1441(II)

  • Início da utilização da caravela nas empresas ultramarinas
A construção da primeira caravela em Lagos, por iniciativa de D.Henrique, o Navegador, um novo tipo de barco que usa a vela dos Árabes.

Segundo alguns historiadores, o vocábulo é de origem árabe carib (embarcação de porte médio e de velas triangulares — velame latino). De acordo com outros, no entanto, a palavra seria derivada de carvalho, a madeira usada para construir as embarcações.

A caravela é um navio rápido, de fácil manobra, apto para a bolina, de proporções modestas e que, em caso de necessidade, podia ser movido a remos. Eram navios de pequeno porte, de três mastros, um único convés e ponte sobrelevada na popa; deslocavam 50 toneladas.

  • Abril-D.Fernando de Castro governador da casa do Infante D.Henrique vê malograr-se a hipótese de resgatar o infante D.Fernando, preso em poder dos mouros.
  • Maio-Cortes de Torres Vedras aprovando o matrimónio de D.Afonso V com a sua prima direita D.Isabel, filha do regente D.Pedro
Desde Dezembro de 1440 que o regente D.Pedro havia recebido a notícia que o papa Eugénio IV havia de viva voz e não por bula escrita, atendendo por certo à muita pressão que a casa de Aragão fazia em sentido contrário à autorização de dispensa do parentesco de sanguíneo, entre D.Afonso V e sua prima.
  • Dezembro,17-Chefiando um exército de 12.000 homens D.Pedro saí de Avis para assumir a direcção do cerco ao castelo do Crato.
A ideia era forçar D.Leonor a exilar-se nas suas terras, à qual faltaram os apoios previstos do conde de Barcelos e de outros fidalgos que se supunha fiel , mas que na hora recusaram participar na guerra ao lado dela.
  • Dezembro,29-D. Leonor de Aragão retira-se do Crato onde se recolhera com o apoio do mestre da ordem do Hospital, fugindo para Castela.
Sozinha, sem apoios e com medo de ser presa e humilhada, D.Leonor abandona o Crato e dirigindo-se para Albuquerque em Castela. Acompanham-na o prior do Hospital eos senhores de Cascais entre outros. Em Albuquerque já estavam outros exilados como o arcebispo de Lisboa D.Pedro de Noronha. Era intenção de D. Leonor voltar a entrar em Portugal.


sexta-feira, 3 de abril de 2009

O casamento do príncipe herdeiro

O casamento do príncipe herdeiro D.João, com sus prima D.Leonor, estava desde 1466 concertado pelos dois irmãos o rei D.Afonso e D.Fernando duque de Viseu, muito embora os noivos contassem ela 8 anos e ele 11.

A morte de D.Fernando em 1470, teria permitido a D.Afonso alterar a opção matrimonial negociada, mas não o fez porque tal como ele já havia afirmado anteriormente, fizera voto de entregar o poder a seu filho, logo que este atingisse capacidade de governação, sendo o casamento uma forma de promover a estabilidade da coroa e desde logo assegurar a respectiva sucessão. Por esse motivo D.Afonso entendeu continuar as negociações do casamento com sua cunhada D.Beatriz.

O casamento só aconteceu em 1471 depois de obtida de Roma a necessária dispensa por impedimento de parentesco, em Setúbal em 22 de Janeiro, muito embora ainda por razões de idade, o respectivo contrato de compromisso só tenha sido rubricado em Lisboa a 16 de Setembro de 1473, após a sua consumação.

Este contrato estipulava que D.Leonor receberia de herança paterna a título de dote, o castelo de Lagos, e uma série de benesses em ouro jóias e rendas. Pela parte do rei os lugares de Sintra, Torres Vedras e Óbidos e igualmente várias rendas, bem como se estipulavam verbas a receber caso ficasse viúva. Enfim como se v~e um contrato de casamento minucioso e realmente muito benéfico para a jovem futura Rainha.

Quanto ao jovem príncipe , continuava a tendência para a entrega do poder, que como atrás disse o rei há muito preconizava, pois desde 1471, quando da tomada de Arzila que aqui referi, lhe tinha entregue a governação das "coisas de África", entregando-lhe também as rendas da Alfandega de Lisboa e dos tratos e rendas da Guiné.

Como disse apenas com 17 anos, já D.João mergulhava a fundo nos meandros da política ultramarina.


quarta-feira, 18 de março de 2009

A princesa Joana recolhe ao convento de Aveiro



O regresso triunfal de África, foram motivo de grandes festejos em todo o reino daquele que passou a usar o título de Rei de Portugal e dos Algarves dáquem e de além-mar em África. Procissões e festejos especialmente em Lisboa, como havia muito não acontecia há muitos anos.

Para toldar a felicidade do rei e do príncipe D.João, veio a notícia de que a infanta D.Joana, queria entrar para um convento, ao serviço exclusivo de Deus. Contava só 19 anos, era linda e adorada por todos o que fazia adivinhar, um futuro casamento real pomposo, mas que esta sua decisão anularia.

Muitas vezes havia formulado essa sua vontade ao pai, que sempre lhe negara autorização, pensando por certo que essa sua inclinação acabaria por passar. Tal não aconteceu, embora regente do Reino, enquanto seu pai e seu irmão combatiam por África, o certo é que logo que eles chegaram, aproveitou a ocasião para renovar o seu pedido, com o argumento extra que o fazia para agradecer a Deus a generosidade de os ter feito triunfadores e chegados salvos a casa.

O Conselho régio, aprovou a pretensão da infanta, pelo que ao rei não restou outra hipótese que não a de aceitar a decisão da filha muito embora tenha conseguido que o Conselho apenas considerasse a decisão como temporária, pelo que acabou D.Afonso V, por determinar que infanta pudesse passar algum tempo em retiro, junto de sua tia D.Filipa, no convento de Odivelas, sem contudo vestir o véu de freira.

As cortes de Lisboa, que se reuniram em 1472, vieram demonstrar que o povo, encarava com muito mais apreensão esta entrada da infanta na vida religiosa, que tomavam como definitiva e que colocava claramente, face a um eventual desastre a sucessão dinástica em perigo.

As explicações dadas aos delegados do povo, não colheram, chegando a ameaçar intervir junto do papa, contra o mosteiro, casa a infanta viesse a professar.

A infanta também não se agradava de Odivelas apenas aceitara esta opção, porque na altura lhe parecera melhor que nada, mas o seu objectivo era retirar-se para um pequeno convento em Aveiro, para viver suficientemente afastada da corte.

Foi então transferida para o convento de Santa Clara em Coimbra, já mais perto do seu objectivo. Uma coisa é certa a jovem infanta demonstrava, possuir além duma grande beleza, notável espírito negociador e diplomático, porque no percurso para Coimbra soube sugerir ao pai, uma pequena e rápida visita ao mosteiro para onde ele queria ir, era só um pequenino desvio, ao que o rei acabou por aceder.

Chegado a 4 de Agosto de 1472, ao tal conventinho, onde iria passar um pequeno retiro, nenhuma força, nenhuma argumento a fizeram mudar de ideias, de lá não continuar. Adoeceu por força dos jejuns e dos princípios que impôs a si própria. Gravemente enferma salvou-se a muito custo e provavelmente por pressão da coroa, as entidades religiosas acabaram por considerar que D.Joana, não poderia professar, por não poder suportar as severas regras do convento.

Consternada despiu o hábito, mas apenas simbolicamente, porque a prioresa do convento determinou que ela o poderia usar como irmã honorária, passando a viver como freira, sem o ser.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A tomada de Arzila



Sempre com o pensamento em África, pensou D.Afonso V numa nova aventura ultramarina desta feita contra Tânger, que contudo o Conselho avisadamente sugeriu que o ataque se fizesse peimeiro à praça de Arzila, por forma a enfraquecer as defesas que em forma de apoio essa praça não deixaria de prestar a Tanger.

Lá foram mandados os habituais espiões, desta vez Pero de Alcaçovas e Vicente Simões, disfarçados de mercadores para estudar a maneira de conquistar a praça.

Como habitualmente organizou-se a esquadra em 3 locais diferentes, Lisboa, Porto e Lagos, tendo posteriormente se reunindo em Lisboaas duas primeiras, navegando depois para Lagos.

A força reunida era significativa, mas com números diferentes entre os cronistas, podendo contudo estimar-se em cerca de 400 velas e 27 ou 28.000 homens, entre os quais, imprudentemente se encontrava o príncipe herdeiro,que caso acontecesse algum precalço, poderiam ficar por lá ,o rei e o príncipe herdeiro.


Partiram de Lagos a 18 de Agosto de 1471 chegando ao largo de Arzila, 3 dias depois já ao entardecer.

Pretendia-se não demorar em demasia o ataque , para que os mouros não tivessem oportunidade de se precaver, pelo que o Conselho decidiu iniciar o ataque logo pelo amanhecer do dia seguinte.


Algumas dificuldades no eventual desembarque, complicaram a entrada dos navios no porto interior, que só pode ser feito com recurso a embarcações ligeiras, gerando-se tal confusão, que chegaram inclusivamente algumas barcaças a despedaçar-se contra os recifes, morrendo inutilmente alguns combatentes.

Mesmo com essas baixas e deficiente armamento, porque as referidas condições de desembarque não tinham deixado que se trouxessem as bombardas maiores para terra o certo é que alguns dias depois a 24 de Agosto, as forças de D.Afonso V, tomaram a praça de Arzila, com inusitada violência, não acolhendo sequer aos pedidos de rendição que foram enviados.


Na violência da refrega dizem ganhou o jovem príncipe D.João, apenas com 16 anos as suas esporas de cavaleiro, mas igualmente morreram muitos fidalgos e cavaleiros portugueses.

No dia seguinte, foi a consagração da mesquita, transformando-a na igreja de Nossa Senhora da Assunção comemorando a data da saída de Lisboa.


A generosidade do rei, fez-se sentir nas comendas e títulos que destribuíu, não deixando de atribuir a D.Henrique de Menezes, conde de Valença e governador de Alcácer-Ceguer, igualmente a capitania da vila recém conquistada.

Foram igualmente feitas cativas mais de 5 mil pessoas entre as quais as duas mulheres e filhos de Mulei Xeque senhor de Arzila, mas que nessa altura ali não estava, porque havia partido para Fez em luta contra o xerife seu inimigo.

Naturalmente este também foi um factor que contribuiu para o êxito da missão .


A tomada de Arzila teve entre os mouros dolorosa repercussão, como se verá mais tarde.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A tomada de Anafé e a morte do infante D.Fernando

O irmão do rei D.Fernando, duque de Beja e de Viseu, pai do futuro rei D.Manuel que nascera nesse ano era sem dúvida o principal fidalgo do Reino. Senhor de Moura, Serpa, Covilhã e Lagos entre muitos outros territórios, senhor dos arquipélagos de Cabo Verde, Madeira e Açores e governador das ordens militares de Santiago e de Avis. Era realmente um dos poderosos da península, mas faltava-lhe um grande feito militar. Solicitou então a seu irmão a permissão para passar a África.

Nos início de 1469 o rei autoriza e cede-lhe igualmente alguma da sua força militar.

Anafé foi a praça escolhida para o ataque.Para além da riqueza agrícola, também era uma importante base para a pirataria que dali saía para atacar as galés portuguesas que navegavam, principalmente no estreito de Gibraltar.

Anafé, a actual Casablanca, acabou por ser presa fácil, para as forças do infante D.Fernando atendendo a que o ataque, não foi feito de qualquer maneira, tendo sido preparado previamente incluindo uma viagem de espionagem, feita pelo fidalgo Estevão da Gama, que ali se havia deslocado disfarçado de mercador de figo, para trazer indicações sobre o local.

Se fácil foi a conquista desde logo se percebeu quão difícil seria a sua manutenção, que exigia recursos humanos e militares avultados, que garantissem defesa contra futuros ataques.

Consciente dessa impossibilidade, optou o infante por pilhar o que fosse possível e destruír o mais possível as muralhas e a própria cidade, após o que regressou a Portugal.

Regressado ao reino, o infante, adoece gravemente e acaba por vir a falecer em Setúbal em 18 de Setembro de 1470, apenas com 37 anos, não sem antes ter negociado o casamento de sua filha D.Leonor de Lencastre com o príncipe herdeiro D.João.

D.Fernando foi sepultado no convento de São Francisco em Setúbal, de onde alguns anos mais tarde transladado para o Mosteiro de Nossa senhora da Conceição em Beja, que por ele e sua mulher havia sido edificado.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A importância dos privilégios aos habitantes da ilha de Santiago

A questão do povoamento das ilhas Atlânticas, perante a aridez do clima, dos solos e da própria paisagem, a dificuldade de aceder ao litoral das ilhas, para já não falar da distância que separava o reino e a inexistência de riquezas naturais nestas ilhas Atlânticas, fizeram que poucos os europeus se disponibilizassem para as povoar.

Mesmo assim ainda houve alguns algarvios, que valendo-se da facilidade de saída para o Atlântico

Se estes brancos iam, embora com algum receio, de livre vontade, o mesmo já não se passava com os escravos. De facto, no início da colonização de Cabo Verde, a grande maioria da população que aí podíamos encontrar era constituída por escravos da Costa da Guiné.

Estes eram trazidos para Cabo Verde de forma a iniciarem o arroteamento das terras, bem como para serem disponibilizados para outros trabalhos, uma vez que já estavam adaptados ao clima.


O que se verificava, em relação aos brancos, era que só perante a concessão de muitas liberdades e regalias, alguns partiam em direcção às ilhas recém-descobertas.

Precisamente neste sentido o rei D. Afonso V concedeu aos habitantes da ilha de Santiago o exclusivo de participação no comércio da Costa da Guiné, à excepção da fortaleza de Arguim.

Esta foi a solução encontrada para que o povoamento pudesse prosseguir por estas paragens.

Concedeu todos estes privilégios através da Carta Régia de 12 de Junho de 1466. Esta carta de 1466 implicava um aumento de poderes por parte da coroa em detrimento das prerrogativas concedidas ao donatário da ilha de Santiago, que era D. Fernando.

A partir desta altura começam-se a encontrar alguns atractivos para a fixação nestas ilhas. Os privilégios concedidos pelo poder régio, em 1466, foram extraordinariamente importantes mas a estes vieram-se-lhe juntar outros factores que proporcionaram um mais rápido povoamento do arquipélago.

A partir desta altura os portugueses, uma vez que continuavam a sua caminhada pela costa ocidental africana necessitavam de um ponto de paragem e de estadia para comerciarem com os povos africanos, uma vez que a instalação nos Rios da Guiné era impossível quer pelas condições sanitárias e clima, quer pelas constantes ofensivas desencadeadas pelos povos indígenas destas zonas.

Além disso esta localização próxima da costa de África significava uma poupança de tempo muito grande, que era extremamente importante, principalmente quando falamos do comércio de cavalos e escravos. Daí que uma boa parte da população que passa a viver em Cabo Verde sejam mercadores, que estavam a retirar grandes lucros com esta situação.

Isto quer dizer que a privilegiada posição geográfica do arquipélago foi, sem dúvida, um dos mais importantes factores de colonização.

Mesmo assim, algumas ilhas permaneceram desabitadas e outras com um povoamento muito disperso, o que facilmente se compreende já que o povoamento que se vinha a desenvolver era essencialmente mercantil e logo muito limitado às zonas litorais mais próximas do continente africano e com melhores condições portuárias, sendo muitas vezes apenas temporário.

Créditos: Retirado daqui , um trabalho de Patrícia Isabel Rodrigues Gonçalves Pereira

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cortes na Guarda

Para além da eventual questão sentimental, que poderia levar D.Afonso V a não aceitar a proposta de Henrique IV, para o casamento com a sua irmã, mas a perspectiva era boa demais para ser recusada.

Por essa altura nos nossos reinos vizinhos, era a grande a confusão, resultante da sucessão às coroas de Navarra e Aragão e ás atitudes dissolutas dos reis de Castela. A nomeação de D.Beltran como duque de Albuquerque, foi mais um episódio , que motivou uma revolta iniciada em Ávila, que alastrou às cidades de Burgos, Toledo, Córdova e Sevilha.

D;Joana a rainha de Castela, irmã de D.Afonso VI, assustada refugiou-se em Portugal, em busca de auxílio de seu irmão, que a foi buscar à cidade da Guarda.

D.Afonso quis logo entrar no conflito, para sair em defesa da honra de sua irmão, era assim a característica do seu feito, impetuoso e cavalheiresco e não fora a proibição das Cortes reunidas, então por certo teria acontecido uma guerra com Castela.

Mais um volte face a política de Castela, porque Henrique IV, acaba por se reconciliar com os que contestavam a sua legitimidade como rei e acaba por negociar com um dos conspiradores Pedro de Giron, mestre de Calatrava de novo a mão de sua irmã Isabel, que já se percebia nesta altura ser a moeda de troca favorita, do rei de Castela, anulando assim o compromisso assinado com o rei de Portugal.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

As hipóteses vantajosas de aliança com Castela(

Recuando um pouco no tempo, em 1455 a irmã de D.Afonso V casou com Henrique IV de Castela. Casamento em segundas núpcias, já que a sua primeira mulher Branca de Navarra, filha do rei João, tinha sido por ele repudiada, com o fundamento que ela era estéril. A repudiada respondeu com a acusação que incapacidade genésica.

As opiniões dividiam-se, uns alegando, que o rei Henrique tivera vários casos de mancebia, como por exemplo com Catalina de Sandoval, uma freira, mas que ele viria a acusar de infidelidade ao ponto de ter mandado degolar rival.


Para outros historiadores, essa atitude não passava de disfarce, para encobrir a sua incapacidade, ser dissoluto e de ter relações homossexuais.


O ambiente na corte, mesmo depois do casamento com D.Joana, era de verdadeiro pandemónio, a que não eram alheias o escandaloso porte tanto da bela jovem soberana como das suas açafatas.

As acusações de impotência do rei e a vida dissoluta da rainha, não deixaram de criar só por si alguma
confusão na corte, quando a rainha Joana, deu à luz uma menina, ao fim de sete anos de casada.

Na altura atribuí-se a paternidade da criança, a um jovem fidalgo muito íntimo do casal real, de seu nome D.Beltran de la Cueva. desde logo a jovem menina a quem foi dado o nome de Joana, como sua mãe, passou a ser tratada entre dentes, como a Beltraneja, que lhe ficou para o resto da vida, para mais porque à medida que ia crescendo, mais se acentuavam as semelhanças com D.Beltran, nomeado conde de Landesma, mais tarde duque de Albuquerque e mestre de Santiago.


O rei Henrique, desta vez não optou por mandar cortar a cabeça do rival como no caso com Catalina de Sandoval, mas bem pelo contrário, cobri-lo de honrarias.

Toda esta situação, veio a culminar, num conflito armado entre os outros reinos da Península, que não cabe no âmbito deste blogue abordar, pelo menos por agora.
O certo porém é que esse conflito, veio justificar a necessidade de Henrique de Castela, procurar aliados.

Por forma a interessar D.Afonso V, na sua causa, oferece-lhe a mão de sua irmã Isabel, futuramente conhecida como a Católica, num encontro que viria a acontecer em Gibraltar, em Janeiro de 1464.


Informações da época, não faziam crer, que D.Afonso V,pensasse em voltar a casar, depois de enviuvar ele amava profundamente a sua mulher, mas as razões de estado que poderia supor vantajosa, uma aliança entre as coroas de Portugal e Castela, levaram-no a considerar possível esse casamento, tanto mais que Castela alargara a oferta e para além da mão de sua irmã ao rei de Portugal, também incluía o convite para o futuro casamento entre o herdeiro português D.João e sua pequena "filha" a Beltraneja, já nessa altura reconhecida, em cortes efectuadas em Madrid, como herdeira do trono de Castela, com o título de Princesa das Asturias.

Era uma oferta demasiado tentadora

domingo, 4 de janeiro de 2009

A tentativa falhada de conquista de Tânger

Uma complicada teia de acontecimentos, em que se envolveram dois jovens fidalgos Diogo de Barros e João Falcão, que chegaram a tentar alistar-se no exército do rei de Fez, que operava em África, sob a orientação do duque de Medina Sidónia, mas só depois de incorporados nas forças de Alcácer Ceguer, participando em nalgumas razias sob o comando do governador D.Duarte de Menezes, conseguiram recolher informações sobre a forma de entrar na praça de Tânger.

A missão de espionagem correu muito bem, pelo menos assim o considerou D.Afonso V, logo que os referidos fidalgos lhe comunicaram o que haviam recolhido, de tal forma que Tânger passou ser o alvo secreto a atingir em África.Muito embora estas informações recolhidas, viesse a não servir de muito, atendendo ao modo como os acontecimentos subsequentes vieram a decorrer

A 7 de Novembro de 1463, D.Afonso V e o seu irmão Fernando, partiram de Lisboa, com a armada formada, com o apoio financeiro de Martim Leme um rico mercador flamengo.

A pressa do rei era enorme, de tal forma que nem aceitou as recomendações que lhe fizeram de se acolher junto a Silves, por se preverem más condições atmosféricas, o que efectivamente aconteceu, vindo a perder-se bastante carga, um navio e uma caravela, perecendo algumas pessoas que a tripulavam.


Chegaram a Ceuta a 12 de Novembro, partindo de seguida para Alcácer Ceguer, mas dividindo forças entre forças terrestres a navais, mas a precipitação, quer dos preparativos, quer os incidentes resultantes do pouco cuidado na viagem, fizeram claramente abortar a missão, regressando a missão a Ceuta.