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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A tomada de Anafé e a morte do infante D.Fernando

O irmão do rei D.Fernando, duque de Beja e de Viseu, pai do futuro rei D.Manuel que nascera nesse ano era sem dúvida o principal fidalgo do Reino. Senhor de Moura, Serpa, Covilhã e Lagos entre muitos outros territórios, senhor dos arquipélagos de Cabo Verde, Madeira e Açores e governador das ordens militares de Santiago e de Avis. Era realmente um dos poderosos da península, mas faltava-lhe um grande feito militar. Solicitou então a seu irmão a permissão para passar a África.

Nos início de 1469 o rei autoriza e cede-lhe igualmente alguma da sua força militar.

Anafé foi a praça escolhida para o ataque.Para além da riqueza agrícola, também era uma importante base para a pirataria que dali saía para atacar as galés portuguesas que navegavam, principalmente no estreito de Gibraltar.

Anafé, a actual Casablanca, acabou por ser presa fácil, para as forças do infante D.Fernando atendendo a que o ataque, não foi feito de qualquer maneira, tendo sido preparado previamente incluindo uma viagem de espionagem, feita pelo fidalgo Estevão da Gama, que ali se havia deslocado disfarçado de mercador de figo, para trazer indicações sobre o local.

Se fácil foi a conquista desde logo se percebeu quão difícil seria a sua manutenção, que exigia recursos humanos e militares avultados, que garantissem defesa contra futuros ataques.

Consciente dessa impossibilidade, optou o infante por pilhar o que fosse possível e destruír o mais possível as muralhas e a própria cidade, após o que regressou a Portugal.

Regressado ao reino, o infante, adoece gravemente e acaba por vir a falecer em Setúbal em 18 de Setembro de 1470, apenas com 37 anos, não sem antes ter negociado o casamento de sua filha D.Leonor de Lencastre com o príncipe herdeiro D.João.

D.Fernando foi sepultado no convento de São Francisco em Setúbal, de onde alguns anos mais tarde transladado para o Mosteiro de Nossa senhora da Conceição em Beja, que por ele e sua mulher havia sido edificado.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A importância dos privilégios aos habitantes da ilha de Santiago

A questão do povoamento das ilhas Atlânticas, perante a aridez do clima, dos solos e da própria paisagem, a dificuldade de aceder ao litoral das ilhas, para já não falar da distância que separava o reino e a inexistência de riquezas naturais nestas ilhas Atlânticas, fizeram que poucos os europeus se disponibilizassem para as povoar.

Mesmo assim ainda houve alguns algarvios, que valendo-se da facilidade de saída para o Atlântico

Se estes brancos iam, embora com algum receio, de livre vontade, o mesmo já não se passava com os escravos. De facto, no início da colonização de Cabo Verde, a grande maioria da população que aí podíamos encontrar era constituída por escravos da Costa da Guiné.

Estes eram trazidos para Cabo Verde de forma a iniciarem o arroteamento das terras, bem como para serem disponibilizados para outros trabalhos, uma vez que já estavam adaptados ao clima.


O que se verificava, em relação aos brancos, era que só perante a concessão de muitas liberdades e regalias, alguns partiam em direcção às ilhas recém-descobertas.

Precisamente neste sentido o rei D. Afonso V concedeu aos habitantes da ilha de Santiago o exclusivo de participação no comércio da Costa da Guiné, à excepção da fortaleza de Arguim.

Esta foi a solução encontrada para que o povoamento pudesse prosseguir por estas paragens.

Concedeu todos estes privilégios através da Carta Régia de 12 de Junho de 1466. Esta carta de 1466 implicava um aumento de poderes por parte da coroa em detrimento das prerrogativas concedidas ao donatário da ilha de Santiago, que era D. Fernando.

A partir desta altura começam-se a encontrar alguns atractivos para a fixação nestas ilhas. Os privilégios concedidos pelo poder régio, em 1466, foram extraordinariamente importantes mas a estes vieram-se-lhe juntar outros factores que proporcionaram um mais rápido povoamento do arquipélago.

A partir desta altura os portugueses, uma vez que continuavam a sua caminhada pela costa ocidental africana necessitavam de um ponto de paragem e de estadia para comerciarem com os povos africanos, uma vez que a instalação nos Rios da Guiné era impossível quer pelas condições sanitárias e clima, quer pelas constantes ofensivas desencadeadas pelos povos indígenas destas zonas.

Além disso esta localização próxima da costa de África significava uma poupança de tempo muito grande, que era extremamente importante, principalmente quando falamos do comércio de cavalos e escravos. Daí que uma boa parte da população que passa a viver em Cabo Verde sejam mercadores, que estavam a retirar grandes lucros com esta situação.

Isto quer dizer que a privilegiada posição geográfica do arquipélago foi, sem dúvida, um dos mais importantes factores de colonização.

Mesmo assim, algumas ilhas permaneceram desabitadas e outras com um povoamento muito disperso, o que facilmente se compreende já que o povoamento que se vinha a desenvolver era essencialmente mercantil e logo muito limitado às zonas litorais mais próximas do continente africano e com melhores condições portuárias, sendo muitas vezes apenas temporário.

Créditos: Retirado daqui , um trabalho de Patrícia Isabel Rodrigues Gonçalves Pereira