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quarta-feira, 18 de março de 2009

A princesa Joana recolhe ao convento de Aveiro



O regresso triunfal de África, foram motivo de grandes festejos em todo o reino daquele que passou a usar o título de Rei de Portugal e dos Algarves dáquem e de além-mar em África. Procissões e festejos especialmente em Lisboa, como havia muito não acontecia há muitos anos.

Para toldar a felicidade do rei e do príncipe D.João, veio a notícia de que a infanta D.Joana, queria entrar para um convento, ao serviço exclusivo de Deus. Contava só 19 anos, era linda e adorada por todos o que fazia adivinhar, um futuro casamento real pomposo, mas que esta sua decisão anularia.

Muitas vezes havia formulado essa sua vontade ao pai, que sempre lhe negara autorização, pensando por certo que essa sua inclinação acabaria por passar. Tal não aconteceu, embora regente do Reino, enquanto seu pai e seu irmão combatiam por África, o certo é que logo que eles chegaram, aproveitou a ocasião para renovar o seu pedido, com o argumento extra que o fazia para agradecer a Deus a generosidade de os ter feito triunfadores e chegados salvos a casa.

O Conselho régio, aprovou a pretensão da infanta, pelo que ao rei não restou outra hipótese que não a de aceitar a decisão da filha muito embora tenha conseguido que o Conselho apenas considerasse a decisão como temporária, pelo que acabou D.Afonso V, por determinar que infanta pudesse passar algum tempo em retiro, junto de sua tia D.Filipa, no convento de Odivelas, sem contudo vestir o véu de freira.

As cortes de Lisboa, que se reuniram em 1472, vieram demonstrar que o povo, encarava com muito mais apreensão esta entrada da infanta na vida religiosa, que tomavam como definitiva e que colocava claramente, face a um eventual desastre a sucessão dinástica em perigo.

As explicações dadas aos delegados do povo, não colheram, chegando a ameaçar intervir junto do papa, contra o mosteiro, casa a infanta viesse a professar.

A infanta também não se agradava de Odivelas apenas aceitara esta opção, porque na altura lhe parecera melhor que nada, mas o seu objectivo era retirar-se para um pequeno convento em Aveiro, para viver suficientemente afastada da corte.

Foi então transferida para o convento de Santa Clara em Coimbra, já mais perto do seu objectivo. Uma coisa é certa a jovem infanta demonstrava, possuir além duma grande beleza, notável espírito negociador e diplomático, porque no percurso para Coimbra soube sugerir ao pai, uma pequena e rápida visita ao mosteiro para onde ele queria ir, era só um pequenino desvio, ao que o rei acabou por aceder.

Chegado a 4 de Agosto de 1472, ao tal conventinho, onde iria passar um pequeno retiro, nenhuma força, nenhuma argumento a fizeram mudar de ideias, de lá não continuar. Adoeceu por força dos jejuns e dos princípios que impôs a si própria. Gravemente enferma salvou-se a muito custo e provavelmente por pressão da coroa, as entidades religiosas acabaram por considerar que D.Joana, não poderia professar, por não poder suportar as severas regras do convento.

Consternada despiu o hábito, mas apenas simbolicamente, porque a prioresa do convento determinou que ela o poderia usar como irmã honorária, passando a viver como freira, sem o ser.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A tomada de Arzila



Sempre com o pensamento em África, pensou D.Afonso V numa nova aventura ultramarina desta feita contra Tânger, que contudo o Conselho avisadamente sugeriu que o ataque se fizesse peimeiro à praça de Arzila, por forma a enfraquecer as defesas que em forma de apoio essa praça não deixaria de prestar a Tanger.

Lá foram mandados os habituais espiões, desta vez Pero de Alcaçovas e Vicente Simões, disfarçados de mercadores para estudar a maneira de conquistar a praça.

Como habitualmente organizou-se a esquadra em 3 locais diferentes, Lisboa, Porto e Lagos, tendo posteriormente se reunindo em Lisboaas duas primeiras, navegando depois para Lagos.

A força reunida era significativa, mas com números diferentes entre os cronistas, podendo contudo estimar-se em cerca de 400 velas e 27 ou 28.000 homens, entre os quais, imprudentemente se encontrava o príncipe herdeiro,que caso acontecesse algum precalço, poderiam ficar por lá ,o rei e o príncipe herdeiro.


Partiram de Lagos a 18 de Agosto de 1471 chegando ao largo de Arzila, 3 dias depois já ao entardecer.

Pretendia-se não demorar em demasia o ataque , para que os mouros não tivessem oportunidade de se precaver, pelo que o Conselho decidiu iniciar o ataque logo pelo amanhecer do dia seguinte.


Algumas dificuldades no eventual desembarque, complicaram a entrada dos navios no porto interior, que só pode ser feito com recurso a embarcações ligeiras, gerando-se tal confusão, que chegaram inclusivamente algumas barcaças a despedaçar-se contra os recifes, morrendo inutilmente alguns combatentes.

Mesmo com essas baixas e deficiente armamento, porque as referidas condições de desembarque não tinham deixado que se trouxessem as bombardas maiores para terra o certo é que alguns dias depois a 24 de Agosto, as forças de D.Afonso V, tomaram a praça de Arzila, com inusitada violência, não acolhendo sequer aos pedidos de rendição que foram enviados.


Na violência da refrega dizem ganhou o jovem príncipe D.João, apenas com 16 anos as suas esporas de cavaleiro, mas igualmente morreram muitos fidalgos e cavaleiros portugueses.

No dia seguinte, foi a consagração da mesquita, transformando-a na igreja de Nossa Senhora da Assunção comemorando a data da saída de Lisboa.


A generosidade do rei, fez-se sentir nas comendas e títulos que destribuíu, não deixando de atribuir a D.Henrique de Menezes, conde de Valença e governador de Alcácer-Ceguer, igualmente a capitania da vila recém conquistada.

Foram igualmente feitas cativas mais de 5 mil pessoas entre as quais as duas mulheres e filhos de Mulei Xeque senhor de Arzila, mas que nessa altura ali não estava, porque havia partido para Fez em luta contra o xerife seu inimigo.

Naturalmente este também foi um factor que contribuiu para o êxito da missão .


A tomada de Arzila teve entre os mouros dolorosa repercussão, como se verá mais tarde.