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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Chegada a Portugal das reliquias do Infante D.Fernando

O infante D.Fernando, teve culto no Mosteiro da Batalha, desde o ano de 1451, em que foram depositadas no seu túmulo as “relíquias da fressura, coração e tripas e de tudo o que foi tirado do corpo deste Infante quando o em Fez os mouros fizeram abrir”.

Este culto sobreviveu à proibição das festas em sua honra, pelo Bispo de Leiria, D. Martim Afonso Mexia (1605-1615), “por não ser o Infante beatificado nem canonizado” (Couseiro (c. 1657) e às determinações da Constituição “Coelestis Hierusalem”, do Papa Urbano VIII (1634), proibindo o culto a pessoas que não tivessem sido, ao menos, beatificadas pela Igreja, a não ser que se provasse um culto imemorial.

Num Congresso, realizado em Santarém, no 6º centenário do nascimento de D. Fernando, foi proposta, por D. Eurico Dias Nogueira, a retomada do processo de beatificação, já sugerida por Domingos Maurício Gomes dos Santos, em 1927 (“não só em repor no lugar que lhe compete na história, a figura esquecida do cativo de Fez, mas colocá-la aí, em todo o fulgor da sua verdadeira história, isto é, aureolada pelos esplendores do culto canónico e de gratidão patriótica”).

Uma comissão de pessoas, estudiosas desta figura histórica, propuseram ao Senhor D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, na sua qualidade de bispo da diocese de Leiria-Fátima, onde se encontra o túmulo do Infante, no mosteiro da Batalha, a introdução da causa de canonização, proposta que ainda não teve seguimento.

Fonte: Diocese Leiria-Fátima

As relíquias de D.Fernando foram trazidas para Portugal por Frei João Álvares que foi moço de câmara e secretário do Infante D. Fernando, tendo-o acompanhado na frustrada campanha de conquista de Tânger, no Marrocos, em 1437.

Capturado com o príncipe, esteve prisioneiro com ele em Arzila e em Fez, sendo resgatado em 1448, cinco anos depois da morte do D. Fernando.

Em 1450 voltou a Marrocos para buscar relíquias do príncipe, que começava a ser referenciado como o Infante Santo.

De volta a Portugal, o Infante D. Henrique pediu-lhe que escrevesse uma Crónica dos feitos do irmão, que João Álvares escreveu provavelmente entre 1451 e 1460.

João Álvares era a pessoa indicada para isso pois havia acompanhado o Infante durante longo tempo em Portugal e foi testemunha do seu cativeiro e morte no Magrebe.

A obra, inicialmente manuscrita, veio a ser impressa pela primeira vez em 1527 com o título Tratado da vida e dos feitos do muito vertuoso Senhor Infante D. Fernando em Lisboa. Foi novamente impressa em Coimbra em 1577.