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sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Acontecimento no ano de 1443


  • Nuno Tristão atinge as ilhas Gete, Garças e Arguim no golfo de Arguim.
Nuno Tristão foi o primeiro português a capitanear uma caravela a sul do cabo Bojador.
A ele se deve o reconhecimento do Golfo de Arguim, onde posteriormente se procedeu à construção de uma feitoria. Grande impulsionador do comércio africano, morreu envenenado por setas indígenas durante uma escaramuça na zona da Senegâmbia.

  • Intensifica-se a colonização dos Açores.
Em 1439 o Infante inicia a colonização das ilhas num processo que seria extremamente lento e difícil não só pela falta de mão-de-obra disponível no reino, como, e essencialmente, pela severidade do terreno e pelo assombro da missão.

Os primeiros povoadores lutaram não só contra as contrariedades da geografia das ilhas, ausentes de bons portos de ancoradouro, plenas de escarpas e declives abruptos, fenómenos vulcânicos, sismicidade, clima adverso, mas também contra um enorme manto de misticismo que cobria esta parte do oceano, um enorme nevoeiro de incerteza.

É principalmente por isto que a colonização das ilhas é feita lentamente e por gentes de várias proveniências, não só de várias partes do Portugal continental, Alentejo e Algarve predominantemente, mas também do Minho e da Beira, bem como da Flandres e de Castela, ao que se juntaram escravos e degredados.

São escassos os dados concretos sobre a história e a sequência do povoamento das ilhas, mas sabe-se da doação a Gonçalo Velho de Santa Maria, da colonização de São Miguel por criados do Infante e fidalgos madeirenses no lugar da Povoação, do recurso a flamengos, fruto das boas relações, à época, de Portugal com a Flandres, dos quais se destacam Jacome de Bruges que se fixou na ilha Terceira, Jost von Verter (Jost de Utre, Josse Dutra) e Willem van der Hagenterceirenses e madeirenses


(ver o excelente artigo Esquiços para uma ideia de açores IV )


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1442

(armas primitivas da Casa de Bragança)


  • Janeiro,25-Cortes de Évora-Confirmação das cortes de 1439 e decisão de confiscação de todos os bens de D. Leonor e proibição de voltar a Portugal.
Foi além disso clarificada nestas Cortes que a defesa desta posição, poderia levar ás últimas consequência de entrar em guerra com Castela.

Decisão que foi comunicada aos embaixadores que então se encontravam na Corte portuguesa.
Foi mesmo decidido enviar uma embaixada à corte castelhana para explicar os inconvenientes do regresso de D.Leonor a Portugal.

Despede-se então D.Leonor de Aragão a Treiste Reina da corte portuguesa para se refugiar em Toledo, como pobre e envergonhada recolhida à caridade de D.Maria Silva.
  • Outubro,18-Ordem de Santiago- Por morte de D.João em Alcácer do Sal, sucede-lhe como governador daquela Ordem e no cargo de Condestável do Reino, o seu filho D.Diogo.
D.João filho de D.João I e D.Filípa de Lencastre era tio do rei D.Afonso V. Foi designado mestre da Ordem de Santiago de Espada em 1418.
Nas Cortes de Leiria de 1438, pronunciou-se a favor da entrega de Ceuta para resgate do infante D. Fernando, seu irmão.
  • Dezembro,30-Casa de Bragança-D.Pedro regente em nome de D.Afonso VI doa a D.Afonso conde de Barcelos a vila de Bragança com o titulo de duque.

D.Afonso filho natural de D.João I e de Inês Pires Esteves, foi o 1º Duque de Bragança, ele que já era conde de Barcelos, inaugurou uma dinastia, que haveria de ser considerada a família mais poderosa de Portugal, cujo 8º duque será mais tarde coroado como rei como D.João IV em 1640, mantendo-se como detentores da coroa durante mais 270 anos.

O património do duque de Bragança foi bastante alargado quando do seu casamento com D. Beatriz Pereira de Alvim, filha de D. Nuno Álvares Pereira e de D. Leonor Alvim


quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1441(I)

(De Van Eyck "A adoração do Cordeiro místico" (1432) da igreja de são Bavo, em Gand


  • Fevereiro,13-Forças do regente D.Pedro dirigem-se a Lamego para afrontarem o conde de Barcelos.
O conde Barcelos era um dos principais apoiantes da Rainha D.Leonor, tendo organizado um exército que veio a concentrar-se primeiro em Guimarães e depois em Mesão Frio, perto de Lamego, enfrentando o poderío militar de D.Pedro que já se encontrava em Lamego nesta data.

Não chegou a haver batalha atendendo à intermediação do conde de Ourém, filho do conde de Barcelos. Bem pelo contrário foi possível até estabelecer-se um acordo de não agressão e a aceitação por parte do Conde de Barcelos das decisões das Cortes de Lisboa.
  • Gomes Eanes prior-mor de Santa Cruz de Coimbra.
  • Viagem de Nuno Tristão ao Cabo Branco e Antão Gonçalves ao rio do Ouro
Enviados pelo infante D.Henrique com a missão de explorar a costa ocidental da África a sul do Cabo Branco. Integrando um mouro que actuava como intérprete, a expedição liderada por Nuno Tristão ultrapassou aquele Cabo, à altura o ponto mais meridional atingido pelos exploradores europeus, e durante dois anos permaneceu nas águas do noroeste africano, avançando até ao Golfo de Arguim, na actual costa da Mauritânia, onde caçaram 28 escravos, que mais tarde foram desembarcados em Lagos.

domingo, 11 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1440


(gutenberg)


  • Nova expedição ás canárias sob o comando de D.Fernando de Castro governador da casa do Infante.
  • Fundação por Franciscanos do primeiro convento na ilha da Madeira.
Quando os Franciscanos vieram para a ilha, instalaram-se numa modesta habitação e, depois disso, quando regressaram, instalaram a sua comunidade no antigo hospício de São João. Depois disso, os Franciscanos começaram a procurar um sítio maior, construindo o convento onde hoje se encontra o Jardim Municipal.
  • Maio,08-Carta de doação do infante D.Henrique da capitania-donatário do Machico (Madeira) a Tristão Vaz Teixeira.
O infante D. Henrique doa a Tristão Vaz e seus descendentes a Capitania de Machico (que se estendia desde a Ponta da Oliveira, no Caniço, até à Ponta de S. Lourenço e desta até à Ponta do Tristão, no Porto Moniz). Machico torna-se, assim, a primeira sede de capitania do arquipélago da Madeira.
  • D.Leonor de Aragão retira-se para o Crato recolhendo-se com o apoio do mestre da ordem do Hospital, , onde aguarda uma prometida intervenção das forças de Castela a seu favor, a qual acabou por não se materializar.

  • Abril,05-O regente D.Pedro confia ao seu amigo D.Álvaro Vaz de Almada a alcaidaria de Lisboa.
.Álvaro Vaz de Almada, foi um dos maiores homens do seu tempo. Por mercê de Carlos VII da França, datada de 4 de Agosto de 1445, foi agraciado com o título de 1º conde de Avranches(Abranches em Portugal).

Foi Cavaleiro da Ordem da Jarreteira e Alcaide-Mor de Lisboa. Em 1415, esteve na tomada de Ceuta, onde foi armado Cavaleiro. Foi um dos "doze de Inglaterra". tomou parte na batalha de Azincourt, em 21/10/1415.




terça-feira, 16 de outubro de 2007

Cortes de Lisboa

As decisões das Cortes de Torres Novas, no que à regência de D.Leonor de Castela, mãe do Rei, em breve viriam a ser alteradas, por várias razões de natureza política.

A regência partilhada não colheu efeitos positivos, porque a Rainha se mostrou pouco astuta, no exercício do poder e no seu relacionamento com os interesses dos três estados, para além da falta de conexão entre os dois regentes.

A decisão de atribuição dalguns direitos comerciais sobre os comerciantes de Lisboa, ao aio da Rainha, trouxe a insurreição popular à cidade, que rapidamente saíram fora do controle da ordem judicial.

Um sermão pregado na igreja de São Domingos, que deveria trazer tranquilidade ao povo, foi conduzido de forma diferente fazendo aumentar os receios que o povo demonstrava ter pela repressão que esperavam, a Rainha movesse contra a população.

Claro que a agitação popular era manipulada e não é difícil adivinhar por quem.

Porém as tentativas de D.Leonor em contrariar essa onda de boatos, não colheu os resultados esperados, adicionado que foi o factor da possível intervenção dos infantes de Aragão, irmãos da Rainha, que colocava no centro das preocupações outra crise idêntica à ocorrida em 1385.

Naturalmente que a este agravamento não foram estranhos os esforços do "partido" de D.Pedro, já que as divergências abertas entre D. Leonor e D. Pedro, duque de Coimbra, já haviam começado. por motivo da nomeação de um servidor do arcebispo de Braga para escrivão da Câmara do Porto.

Embora a Rainha, houvesse recusado a presença do jovem rei, nas cortes de Lisboa, iniciadas em 30 de Dezembro, veio a ceder por força da pressão exercida, por todos os tios de D.Afonso.

Nessas cortes, o regimento de Torres Novas é anulado e o infante D. Pedro, duque de Coimbra, é declarado "Regedor e Defensor do Reino", tal como o fora seu pai D.João I.

É também designado tutor e curador do rei, tendo sido enumeradas várias razões, quer de ordem meramente pedagógica, sobre a incapacidade da mãe para a educação do jovem Rei, ou facto da possibilidade da mãe, educar seu filho no ódio contra o regente D.Pedro, como de ordem económica, devido á despesas de manutenção de D.Afonso, de seu irmão e da própria Rainha.


A Rainha tenta resistir, auxiliada por forças internas e pela promessa de ajuda de seus irmão de Aragão, mas acaba por ceder. A "Treiste Reinha" decide então deixar o rei D.Afonso seu irmão em Santo António dos Olivais e partir com as filhas para Sintra.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Acontecimentos do ano de 1439


  • Carta de Gabriel de Valseca, de Maiorca, na qual são representadas as 9 ilhas dos Açores.
A carta de 1439 do catalão Gabriel de Valsequa apresenta dados mais precisos sobre a descoberta do arquipélago açoreano uma vez que surge já, com algum rigor, a representação dos Açores, em cuja legenda se afirma que estas ilha teriam sido descobertas por um Diego de ?, não sendo possível identificar o segundo nome. De acordo com a leitura feita por Damião Peres, este Diego seria Diogo de Silves. Assim, e à falta de mais dados convincentes para a atribuição do descobridor dos Açores, crê-se que realmente estas ilhas teriam sido descobertas por Diogo de Silves, marinheiro do Infante D. Henrique, no ano de 1427.

  • Março, 31-Nascimento da infanta D.Joana, irmã de D.Afonso V.
D. Joana, nasceu na Quinta do Monte Olivete, em Almada, a 31 de Março de 1439, seis meses após a morte do progenitor; morreu em Madrid, a 13 de Junho de 1475. Casou em 1455 com Henrique IV de Castela, casamento de que nasceu D. Joana, a Beltraneja, para muitos considerada filha dos amores adulterinos de D. Joana com o nobre D. Beltrán de la Cueva.
  • Outubro, 25-Falecimento em Bordéus da condessa de Arundel, D.Beatriz, tia do rei.
D. Beatriz (n. talvez em Veiros, por 1382; faleceu de peste em Bordéus, a 25 de Outubro de 1439). Casou, no ano de 1405, com Tomás Fitzalan, 7 ° conde de Arundel, pelo que seguiu para Inglaterra; e, tendo enviuvado, a 13 de Outubro de 1415, tornou-se esposa de Gilberto Talbot, barão de Irchenfield, falecido pouco depois. Pretende-se que em 1432 a infanta voltou a casar com John Holland, filho do duque de Exeter.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Acontecimentos no ano de 1438



  • *Morte de Mestre Huget, mestre arquitecto irlandês que sucedeu a Afonso Domingues em 1402 na construção do Mosteiro da Batalha.
Mestre Huguet introduziu na obra, com notável brilhantismo, o gótico flamejante que hoje se admira na fachada do Mosteiro e na Capela do Fundador.

  • *Infante D.Fernando é transferido para Fez- Na sequência da desastrosa campanha de África, o infante fica prisioneiro dos mouros, como penhor dum eventual resgate que Portugal nunca pagou. Foi nesta altura transferido para Fez, sendo tratado ora com todas as honras, ora como um prisioneiro de baixa condição, sobretudo depois de uma tentativa de evasão gorada, patrocinada por Portugal




terça-feira, 2 de outubro de 2007

Cortes de Torres Novas(1438)

As cortes reunidas em Torres Novas serviriam para prestar homenagem ao rei Afonso V e ao mesmo estudar a questão polémica da regência, que entregue a sua mãe D.Leonor, suscitaria da parte de alguma nobreza a desconfiança que resultava da sua ascendência aragonesa, poder vir a ser manobrada pelo seus irmãos então em guerra com Castela.

Foi então aprovado o Regimento do Reino de 1438, por proposta do Infante D.Henrique, destinada a vigorar vigorar até que D. Afonso atinja a maioridade política, que aconteceria em 1446.

A proposta foi aprovada pela principal nobreza do País, e nela a Rainha aceitou a partilha do poder incumbindo-lhe o papel de tutora e curadora do filho, com a administração das rendas e ofícios,ficando o seu cunhado D.Pedro com a tarefa da defesa nacional, com o título de defensor e ao conde de Arraiolos a responsabilidade da Justiça.

Destas cortes nasceriam realmente dois poderes que viriam marcar toda a infância do rei.

Leonor de Aragão coube a posição de maior mando na condução da política geral e a chefia militar a D.Pedro.

A proposta de casamento do rei com e D.Isabel filha de seu tio D.Pedro, ficaria anulada, por pressão do conde de Barcelos que pretendia que o futuro casamento real, fosse com sua neta D.Beatriz.

Um novo episódio contudo vem agravar o contexto, já de si bastante débil, no que à questão da regência dizia respeito. O infante D.João o mais novo dos irmãos de D.Duarte, (não contado com o seu irmão Fernando cativo em Fez nessa altura), recuperado duma longa doença que o retivera em Alcácer do Sal, só então teve conhecimento da morte de seu irmão o rei D.Duarte.

Embora desde logo tenha prometido obediência ao novo Rei, declarou desde logo a sua discordância quanto ao facto de ser a Rainha sua cunhada a deter mesmo em partilha a regência do Reino



sábado, 15 de setembro de 2007

A regência de D.Leonor de Aragão


A morte de seu pai aos 6 anos e 7 meses e cujo funeral de Tomar para a Batalha, não acompanhou, fez com que D.Afonso V, nesse mesmo dia de Setembro tivesse sido jurado e aclamado como o 12º rei de Portugal, ao mesmo tempo que seu irmão D.Fernando, uma ano mais novo e que haveria de ser adoptado pelo seu tio o Infante D.Henrique, seria juramentado como Príncipe e herdeiro de coroa.

Em tempo de peste, que havia morto o pai de ambos, justificavam-se os cuidados.

Claro que foi necessário assegurar a regência do Reino em nome de D.Afonso V atendendo à sua menoridade, seguindo-se o que D.Duarte havia meticulosamente decidido em testamento, segundo rezam cronistas da época, já que o referido documento, por força dos acontecimentos que iriam seguir-se desapareceu dos arquivos.


Os cronistas referem pois a Rainha D.Leonor , sozinha, como
governador dos seus reynos e curador de seus filhos.

Vontade expressa no seu último testamento, aberto por D.Leonor em Tomar, ainda segundo referem as crónicas. Contudo ainda segundo as mesmas fontes, o rei teria manifestado a sua intenção por palavras, de em caso de sua morte deixar como curadores do herdeiro da coroa, os seus irmão D.Pedro e D.Henrique.

D.Leonor de Aragão a Treiste Rainha, como passou sempre a subscrever-se até à sua morte, segundo se depreende de vários testemunhos, era um mulher enérgica e decidida, qualidade que D.Duarte admirava e deixou expresso no seu livro o Leal Conselheiro.

Uma das primeira iniciativas da regência, foi a proposta do casamento do jovem Rei com infanta D.Isabel de Lencastre, fila do duque de Coimbra o seu cunhado D.Pedro, segundo dizia cumprindo a vontade "por palavras" de D.Duarte.

Aparentemente a proposta iria ser debatida, pese a pouca idade do Rei, nas Cortes que se iriam realizar em Torres Novas


terça-feira, 11 de setembro de 2007

Nascimento e infância

Nasceu no Paço de Sintra a 15 de Janeiro de 1432, filho de D.Duarte o Eloquente e de D. Leonor de Aragão da casa dos Transtâmaras na coroa da Catalunha e de Aragão, filha de Fernando I.

Foi o terceiro na ordem de nascimento dos seus 7 irmãos

Do rigor cultural de seu pai, podem recolher-se pormenores dos seus escritos em forma de diário de extremo rigor pelo que não é difícil saber o dia a hora exacta e o local do nascimento de cada um dos seus 8 filhos, provavelmente pelo facto de ter em grande linha de conta o conhecimento astrológico.

Há pouca informação sobre a infância de D.Afonso, rei de Portugal por morte de seu pai aos 6 anos e 7 meses, durante a regência de seu tio D.Pedro.

Foi jurado herdeiro do trono com 1 ano em 1433, após a morte do seu irmão primogénito que igualmente se chamava João, como seu avô.

Nesse mesmo ano em Novembro D.Duarte nomeia os seu irmãos D.Pedro e D.Henrique como curadores do herdeiro do trono.

As notícias do desastre de Tanger em 1438 no qual foi aprisionado o irmão de seu pai D.Fernando deixaram D.Duarte profundamente abatido.

Alguns dias antes da sua morte estando em viagem pelo Alentejo, acaba a família real por ir para Tomar, onde após 13 dias de febres, D.Duarte acaba por falecer na noite de 9 para 10 de Setembro de 1438.


Na altura as causa da morte de D.Duarte dividiram-se para uns o abatimento e a melancolia pelo desastre de Tanger, para outros de forma mais plausível, vitimado pela peste bubónica.

Foi a sepultar D.Duarte no Mosteiro da Batalha e no dia seguinte D.Afonso "foy alevantado por Rey em ydade de sex anos e meio"